Topo

Vacina aprovada contra a dengue tem eficácia de 60% e não é solução total

Christophe Simon/AFP
Imagem: Christophe Simon/AFP

Do UOL, no Rio

28/12/2015 13h08Atualizada em 28/12/2015 14h28

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou nesta segunda-feira (28) a comercialização da primeira vacina contra a dengue registrada no Brasil: a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi Pasteur. A vacina, no entanto, promete eficácia global de apenas 60% e são necessárias três doses, aplicadas com intervalos de seis meses, para que o efeito seja atingido completamente -- o que dificulta a adesão.

A taxa de 60% de imunização - média para os quatro tipos de dengue - também é considerada baixa pelos especialistas, já que outras vacinas, como para a febre amarela, por exemplo, têm eficácia de mais de 90%. A vacina também tem mais efeito em quem já teve o contato com um dos sorotipos do vírus da dengue. Vale lembrar que a vacina não protege contra os vírus chikungunya e zika.

O medicamente é indicado para pessoas entre nove e 45 anos e que moram em áreas endêmicas. A promessa do fabricante é de proteção de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% das internações e eficácia global de 66% contra todos os tipos do vírus.

Embora liberada para comercialização, falta a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos definir o valor de cada dose, processo que dura em média três meses. Inicialmente, o medicamento será disponibilizado para a rede particular de laboratórios e depois o SUS (Sistema Único de Saúde) irá avaliar se incorpora ou não o medicamento ao sistema público.

Alto custo

Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro, o principal impasse à vacina está nos custos. "Qual o problema? O custo é bastante elevado. Uma dose custa em torno de 20 euros (R$ 84). Com uma população de 200 milhões de habitantes, isso fica inviável", afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

O governo avalia que uma opção seria oferecer a vacina, inicialmente, a adolescentes de 10 e 14 anos. Outra possibilidade é oferecer o medicamento até que sejam finalizados os testes da vacina em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, que conta com apenas uma dose.

A própria diretora médica da empresa na América Latina, Lucia Bricks, disse à Folha de S, Paulo que a vacina vai ajudar a controlar a dengue, mas não é solução mágica nem erradicará a doença. "Ela vai ser útil ao lado de outras estratégias", afirmou.

A vacina já foi liberada no México e nas Filipinas. Segundo o Ministério da Saúde, até a primeira semana de dezembro, 839 pessoas morreram em decorrência da dengue, um aumento de 80% em relação a 2014.