Fuja de boatos: epidemia de microcefalia tem relação confirmada com zika
Aquele textão enviado pela sua tia no grupo do Whatsapp ou o vídeo compartilhado várias vezes pelos seus amigos no Facebook podem conter inúmeras inverdades, afinal as redes sociais estão cheias delas. Quando o assunto é zika vírus, doença que tem espalhado temores em todo o mundo pela possível relação com a microcefalia, uma notícia falsa pode atrapalhar os esforços da população e de governos no combate à enfermidade.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) publicou nesta segunda-feira (29) uma nota informativa que esclarece os rumores que têm girado em torno do vírus da zika e microcefalia. O UOL traz alguns dos boatos que estão rolando na internet, abordados pela OMS. Fique de olho e não caia nessa!
Vacina vencida não tem relação com microcefalia
O boato circulou no final do ano passado e, apesar de o governo e especialistas já terem afirmado que não há lógica nenhuma em dizer que um lote vencido da vacina contra rubéola aplicada em gestantes causou o aumento de casos de microcefalia (e não o zika vírus), tem muita gente que ainda acredita nessa teoria. Então, a gente explica!
A vacina contra a rubéola não poderia ter causado microcefalia nos bebês pelo simples fato de que ela não é aplicada em grávidas, nunca foi e não será. A imunização é feita em bebês de até 15 meses de vida, de acordo com o calendário nacional de vacinação, ou em adolescentes e adultos em idade fértil que não tenham sido vacinados na infância.
A vacina contra rubéola vem em forma tríplice (protege contra sarampo, rubéola e caxumba) e quádrupla (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
Gestantes não tomam a vacina e, inclusive, existe a determinação de que a mulher evite gravidez por 30 dias após tomá-la. Especialistas afirmam ainda que não existe possibilidade de a microcefalia ter sido causada pelo vírus presente na vacina, porque ele é atenuado e não tem condições de causar uma infecção tão grave.
É preciso lembrar que a rubéola foi erradicada do Brasil desde 2009 e no ano passado a Opas (Organização Pan-americana de Saúde) anunciou que a doença foi eliminada das Américas. Programas de imunização de qualidade são a chave para a erradicação da doença.
Mosquitos geneticamente modificados não causaram surto de zika
Você não vive em um filme de ficção científica em que experiências de laboratório arruínam a vida de toda uma população. Não foi isso que aconteceu com o zika vírus.
Os mosquitos transgênicos foram criados justamente para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e febre chikungunya. Em uma das iniciativas, os mosquitos machos, que não transmitem doenças, são geneticamente modificados para que seu corpo produza em excesso uma proteína que causa a sua morte. Eles são liberados no ambiente e reproduzem com fêmeas selvagens. A prole terá os genes do pai e morrerá antes da vida adulta, quando vira vetor de doenças.
Por causa dessa “experiência de laboratório” um bairro da cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, conseguiu reduzir em mais de 80% a quantidade de larvas do Aedes, na comparação com um bairro próximo que não foi "tratado" com os insetos geneticamente modificados.
Assim como os mosquitos geneticamente modificados, tem muita gente achando que outras experiências de controle do mosquito, como uso de Aedes aegypti esterilizado e de uma bactéria (Wolbachia), estão por trás do aumento no número de casos de microcefalia. A OMS afirma que esse pensamento não tem fundamento científico.
No caso dos mosquitos esterilizados, quando um macho estéril acasala, os ovos da fêmea não sobrevivem, uma técnica vem sendo usada de forma bem-sucedida e em larga escala para controlar pragas que ameaçam a agricultura e pecuária. Não há provas que o seu uso pode ser a causa do aumento de casos de microcefalia e outras más-formações.
A Wolbachia é encontrada em 60% dos insetos comuns, como moscas e borboletas. Quando as fêmeas acasalam com machos portadores da bactéria, os ovos não eclodem, reduzindo as populações.
Vírus da zika não "escolhe" crianças de até 7 anos e idosos para causar problemas neurológicos
O aumento do número de casos da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) no Nordeste brasileiro pode sim ter relação com o surto de zika vírus, mas isso ainda não foi confirmado cientificamente. O problema, no entanto, não acomete uma faixa etária especial, por tanto não existe esse grupo de risco (crianças de até sete anos e idosos).
A síndrome é uma condição neurológica autoimune e pode ser desencadeada por qualquer doença infecciosa viral ou bacteriana. Depois de infecções agudas, aparentemente o organismo deixa de reconhecer as próprias células e passa a atacá-las. Os primeiros sintomas da síndrome são fraqueza e dormência. Se a paralisia chega aos pulmões, é necessário usar respiradores.
O aumento de casos da síndrome coincidiu com a elevação dos casos de zika. Equipes de vigilância tentam agora comprovar a correlação entre as duas doenças.
Inseticida pyriproxyfen não causa microcefalia
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda o uso do piriproxifeno no combate às larvas do Aedes, um composto que foi aprovado pelo Esquema de Avaliação de Pesticidas (Whopes) do órgão após rigorosos testes de avaliação. Ele é um dos 12 inseticidas aprovados pelo órgão. O larvicida também é certificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avalia a segurança desse tipo de produto no país.
Segundo o órgão, não há indício de que o piriproxifeno causa efeitos de desenvolvimento que podem resultar em microcefalia, mas afirma que continuará avaliando "evidências complementares sempre que disponíveis"
O piriproxifeno é usado em recipientes que armazenam água para consumo humano, para impedir que as larvas se tornem mosquitos. Quando as pessoas bebem água desses recipientes, ficam expostas ao larvicida, mas a quantidade é mínima e não causa problemas de saúde, segundo a OMS.
Além disso, entre 90% e 95% de qualquer larvicida são expelidos pela urina em até 48 horas depois de ingerido.
Dá usar peixe para controlar o Aedes?
Com grande apoio das comunidades de pescadores, El salvador está introduzindo peixes que se alimentam de larvas em recipientes de armazenamento de água. Cada vez mais, países têm investido em controles biológicos como parte de uma abordagem integrada de controle dos mosquitos.
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