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Exercícios online ajudam a "turbinar" o cérebro e evitar doenças; conheça

Rita Vasques faz exercícios para a memória na internet - Arquivo Pessoal/UOL
Rita Vasques faz exercícios para a memória na internet Imagem: Arquivo Pessoal/UOL

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL, em Campinas

25/05/2016 06h00

Aos 57 anos, a ex-bancária Rita Vasques começou a sentir dificuldades para se lembrar das coisas. Os lapsos de memória fizeram com que ela até perdesse compromissos importantes. “Eu anotava na agenda meus compromissos, mas esquecia de consultá-la. Até que eu fiquei preocupada, achando que havia algo errado e fui orientada por uma amiga a procurar um especialista”, contou.

No consultório, Rita descobriu que, na verdade, o que estava faltando era estimular o cérebro para tirá-lo da zona de conforto, em que entrara desde que ela saíra do banco. “Da mesma forma que o corpo necessita de exercícios físicos para se manter saudável, o cérebro também precisa de exercícios mentais para se manter ativo”, explicou a neuropsicóloga Débora Moss.

Antes de procurar uma academia, saiba que esses exercícios podem ser encontrados nas velhas revistas Coquetel e também na internet. E não são indicados só para idosos e aposentados, todos precisam estimular o cérebro para desenvolver áreas como memória, linguagem, atenção, raciocínio e percepção. “Todos precisam estimular o cérebro, seja para mantê-lo saudável ou para potencializá-lo. Mesmo depois de adulto, o cérebro ainda consegue desenvolver novas habilidades”, diz Moss.

Um dos sites que trazem esses jogos é o projeto Mente Turbinada, do médico Paulo Camiz, clínico geral e geriatra da USP e Hospital das Clínicas de São Paulo, que traz exercícios lúdicos que auxiliam na prevenção e reabilitação de doenças neurológicas, e serve para todas as pessoas.

“Quanto mais a pessoa exercita o cérebro, mais ele se desenvolve. Existem vários estudos que correlacionam a aposentadoria precoce com a doença de Alzheimer, o que mostra que manter o cérebro sempre em atividade é muito importante”, comentou Camiz. Quando  a pessoa para de trabalhar é comum deixar o cérebro em uma zona de conforto, com menos desafios. 

A aposentada Sandra Di Ricco Panzoldo, de 64 anos, procurou um especialista ao perceber que estava com o cérebro “preguiçoso”. “Eu estava com dificuldades até para desenvolver as atividades simples do dia a dia. Andava distraída e com o raciocínio bem lento. Até que decidiu ir ao médico e fui orientada a fazer os exercícios para estimular minha mente”, contou.

Os exercícios podem parecer bobos, mas exercitam diversas partes do cérebro. Por exemplo, ao contar as abelhas que entram e saem da colmeia, o usuário está passando por um treino que exige atenção, habilidade de cálculo, de memória e percepção.

“Por isso, se ao final, a pessoa sai com uma leve dor de cabeça, é um bom sinal. Novas conexões cerebrais estão se formando e a pessoa está se desenvolvendo”, disse o médico.

Em um outro exercício, o usuário ajuda o coelho a percorrer caminhos desconhecidos. “A pessoa trabalha a capacidade de adaptação a novos cenários. Sua habilidade de percepção espacial melhora bastante. Com o avançar das fases, inclusive a memória é trabalhada. Uma forma de o usuário driblar as mudanças constantes de cenário será a de memorizar os trajetos a serem percorridos pelo coelho e se antecipar a eles”, explicou. Com o passar do tempo, o jogo evolui de acordo com o usuário.

“Os exercícios lúdicos ajudam a potencializar a capacidade do cérebro, principalmente porque lhe impõe desafios e estimulam várias funções cognitivas ao mesmo tempo. O cérebro precisa de desafios. Sem eles, ficaríamos mais primitivos, ou seja, comeríamos e dormiríamos apenas, sem precisar raciocinar muito”, explica Moss, que não participa do projeto.

Rita já começou a sentir a diferença com um mês de uso. “Eu dedico uma hora por dia aos jogos. Faz pouco tempo que estou fazendo os exercícios, mas já percebi melhora na memória e estou com o raciocínio mais rápido. Pra mim, está sendo muito bom”, comemorou.