Proteste encontra irregularidades em amostras de 5 marcas de carne
Um teste realizado neste mês com carnes de boi, embutidos e de frango em amostras de carne de supermercados de São Paulo encontrou irregularidades em produtos de cinco marcas de carne e embutidos: Ceratti, Confiança, Friboi JBS, Frialto e Montana.
Em amostras de três empresas, havia um conservante proibido na carne. O nitrato, aditivo cujo uso é permitido apenas em carnes processadas e embutidas, foi encontrado em cortes de contrafilé Friboi JBS e em picanhas das marcas Frialto e Montana.
Em exemplares de outras duas empresas, o problema foi a descoberta de uma substância típica de gordura mal conservada e deteriorada. A presença de peróxido acima do normal foi observada em mortadelas Ceratti e Confiança.
O estudo foi conduzido pela Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, sendo a segunda fase do estudo com carnes bovinas, embutidos e cortes de frango.
A primeira etapa dos testes se deu após a "Operação Carne Fraca", deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano.
Nesta primeira fase, já havia sido encontrada a presença de listeria e salmonella em cinco frigoríficos.
Presença de nitrato em contrafilés e picanhas e sinais de deterioração em mortadelas
O aditivo nitrato, encontrado neste segundo teste realizado pelo Proteste em em cortes de contrafilé Friboi JBS e nas picanhas Frialto, é empregado em carnes com o objetivo de melhorar seu aspecto e prevenir o crescimento de micróbios, além de atuar como antioxidante.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, porém, só autorizam o seu uso em carnes processadas e embutidas, sendo proibida sua utilização em carnes frescas e congeladas.
Já os peróxidos são os primeiros compostos formados quando há a deterioração de uma gordura. A presença deles em amostras de mortadela Ceratti e Confiança, indica, então, que estes produtos não estavam bem conservados.
Empresas negam uso de conservante e contestam teste
Procurada pela reportagem do UOL, a Friboi afirma que "suas carnes in natura são comercializadas livres de quaisquer conservantes e que não utiliza nitrato em nenhum momento do processo".
O comunicado emitido pela assessoria de imprensa afirma, ainda, que a marca "coloca-se à disposição para enviar a lista oficial de compras da unidade citada, bem como de todas as outras plantas que fabricam produtos in natura, e, assim, comprovar que a substância não é adquirida por essas plantas."
A Friboi também contesta o fato de a Proteste não ter informado o laboratório que realizou a análise e diz que "o laudo apresentado não atende ao padrão estabelecido pela norma técnica da ABNT ISO/IEC 17025/2005 para emissão de resultados".
Além disso, a marca informa que "não foi alvo da Carne Fraca e não teve nenhum produto ou funcionário citado na Operação".
A Mafrig, proprietária da marca Montana, em comunicado, afirma que "conta com um rigoroso processo de garantia da qualidade e de segurança alimentar, mantendo toda a documentação pertinente aos testes realizados em amostras coletadas de cada lote. O produto só é liberado para o mercado após a validação da área de garantia de qualidade".
A nota também diz que "as unidades de produção passam ainda por auditorias periódicas realizadas por empresas independentes" e que eles não fazem uso de nitrato em carnes in natura. Além disso, a marca diz que não tiveram acesso "aos critérios utilizados pelo Instituto Proteste para análise das amostras de produtos”.
Proprietária da marca Confiança, a Seara afirma que "não teve acesso à metodologia adotada nos testes de seus produtos, laboratórios em que foram realizados, locais em que foram adquiridos, condições em que os produtos foram armazenados e critérios adotados".
A Ceratti, em comunicado, diz que "respeita todas as normas brasileiras e internacionais de produção e comercialização" e "desconhece as condições de realização dos testes, bem como, de seleção das amostras", ressaltando que "entrou em contato com a instituição e aguarda esclarecimentos sobre a análise".
Em relação à formação de peróxidos em uma amostra de mortadela da marca, a empresa afirma que "pode ser consequência de um processo de degradação natural e físico-química do produto" e que "necessário verificar as condições apresentadas pelo produto no momento da coleta e do teste realizado, bem como, obter informações sobre a data de realização do mesmo".
A Frialto também emitiu comunicado à reportagem, afirmando que "unidade de SIF nº 3348 é uma desossa de carne bovina" e que não foi utilizado nitrato em nenhuma etapa de produção, "diferentemente de empresas que industrializam carne processada e embutida". A empresa afirma que ser "impossível que possa haver alguma contaminação de nitrato em nossos produtos, dentro de nosso estabelecimento".
A marca afirma, ainda, que "para utilização desse tipo de substância (nitrato) dentro de uma indústria seria necessária a autorização do SIF – Serviço de Inspeção de Federal, serviço esse que está presente diariamente em nossa unidade".
A empresa disse também que "apesar da Proteste dizer que se trata de uma segunda fase do estudo, observamos que eles, aparentemente, usaram o mesmo produto coletado na primeira fase, pois o tipo, lote e vencimento são os mesmos, sendo que esse produto coletado está fora do prazo de validade".
Por fim, a marca relatou que não receberam da Proteste a metodologia de coleta ou informações se "a peça estava a vácuo ou exposta no setor de açougue, o que poderia ter causado uma contaminação secundaria por nitrato. Nem mesmo qual laboratório e metodologia utilizada para análise".
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