Durante epidemia de zika, Brasil teve 119 mil bebês a menos, diz estudo
O Brasil registrou 119.095 nascimentos menos do que o esperado entre setembro de 2015 e dezembro de 2016. Segundo um artigo publicado na revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), essa queda pode estar relacionada à epidemia de zika e microcefalia vivida no país.
Para avaliar os impactos demográficos da doença, pesquisadores americanos e brasileiros avaliaram dados sobre nascimentos, óbitos fetais e hospitalizações por complicações de aborto no país de 2010 a 2016.
A redução no número de nascimentos, segundo o artigo, foi mais significativa após abril de 2016. "O que demonstra uma ligação entre a epidemia e o declínio nos nascimentos”, destaca o artigo.
Os pesquisadores ressaltam que nem toda a redução nos nascimentos é consequência do zika, e, entre outras razões prováveis, apontam a crise econômica do país.
Não foi encontrada nenhuma mudança significativa nas taxas de mortalidade fetal. Após o surto do zika, as internações ocorreram mais precocemente no período gestacional na maioria dos estados.
"O adiamento da gravidez e o aumento nos abortos podem ter contribuído para o declínio dos nascimentos. Além disso, é provável que tenha ocorrido um aumento nos abortos seguros, ainda que seletivos por status socioeconômico", apontou o estudo, que para estimar a quantidade de abortos no período, considerou o número de hospitalizações que podem ter ocorrido por tentativas de interrupção da gravidez.
A partir dessa análise, os pesquisadores descobriram que internações por aborto foram menores do que o esperado. O que, segundo os autores, pode indicar a maior ocorrência de abortos seguros e um maior número de abortos em regiões de maior renda --fator que pode ter influenciado a desigualdade regional da microcefalia.
Como a transmissão do zika diminuiu, é improvável que as reduções nos nascimentos continuem. No entanto, a possibilidade de uma nova epidemia é real."
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