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'Nunca tinha passado por nada parecido', diz médico sobre pandemia

Imagem meramente ilustrativa - iStock
Imagem meramente ilustrativa Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

07/04/2020 09h33

O cardiologista Alexandre Vergete, de 38 anos, diz que nunca passou por nada parecido com a pandemia do novo coronavírus. Coordenador médico do Hospital Municipal Carlos Tortelly, referência para a covid-19 em Niterói, ele precisou se afastar dos dois filhos, de 8 e 4 anos, para não correr o risco de infectá-los.

"Só tinha visto essa palavra (pandemia) em filmes e livros. Trabalhamos na nossa rotina com doentes com insuficiência respiratória, só que a diferença agora é a quantidade de pacientes. Estamos nos preparando para uma situação crítica. E aí vem a ansiedade: não sabemos como vai ser", disse em depoimento ao jornal O Globo.

Vergete conta que tem trabalhado cerca de 12 horas por dia, numa rotina estressante. Para ele, ser infectado é uma questão de tempo. "É quase impossível os médicos não contraírem o novo coronavírus. Vários colegas já estão adoecendo, deixando a gente assustada. E cada vez mais vemos pessoas mais novas com sintomas graves. Me resta perguntar: quando vou me infectar e como o vírus vai ser em mim? Sinto medo, porque não é uma gripe comum."

Casado com uma médica do Corpo de Bombeiros, ele diz que a parte mais difícil é falar com os filhos. "Fica difícil não chorar." Seu maior medo é não poder dar assistência a todos os pacientes que precisarem, temendo um grande número de casos como ocorreu em Nova York, na China e na Itália.

"O SUS é um sistema grande, mas é frágil. Estão melhorando muito a estrutura, aumentando o número de leitos. Mas será suficiente? Será que vai chegar um dia que eu terei que escolher quem vou entubar?", questiona.