Venezuela vive horas de angústia após agravamento da saúde de Chávez
CARACAS, 05 Mar 2013 (AFP) - A Venezuela vivia nesta terça-feira horas de angústia após o último boletim do governo que destacou o agravamento do estado de saúde do presidente Hugo Chávez, alimentando a incerteza política no país.
Desde as primeiras horas da manhã, dezenas de seguidores se dirigiram em oração à recém inaugurada "Capela da Esperança" do hospital militar de Caracas, onde Chávez permanece internado para receber tratamento contra o câncer.
"Vim rezar após a notícia de ontem, que foi impactante. A maneira que temos (de enfrentar) é não perder a fé, a esperança", explicou à AFP Marta Rodríguez, uma dona de casa de 50 anos.
Outras pessoas choravam entre orações na capela, onde um papel colado à parede anunciava: "Aberta ao povo para orar pela saúde de nosso comandante presidente".
O ministro da Informação, Ernesto Villegas, anunciou na segunda-feira uma "piora da função respiratória (do presidente) relacionada com o estado de imunodepressão próprio de sua situação clínica".
"Atualmente apresenta uma nova e severa infecção", acrescentou o ministro, sem prever um eventual retorno, inabilitação ou renúncia de Chávez.
Chávez é submetido a sessões de "quimioterapia de forte impacto, entre outros tratamentos complementares", disse Villegas. "A evolução de seu quadro clínico continua sendo muito delicada", acrescentou.
"A sequência é essa: por causa da quimioterapia, ele está com uma queda da imunidade e, devido a isso, contrai uma infecção", disse nesta terça-feira à AFP o médico Carlos Dzik, oncologista do prestigiado Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.
"Em geral, a quimioterapia é feita quando o paciente tem alguma chance de responder a esse tratamento", explicou o especialista.
"O comunicado de ontem não tem um bom aspecto. É difícil que possa se curar. Mas as pessoas vão aguentar (com esta incerteza) até onde puderem, porque, embora esteja assim, ainda é líder, e a maioria dos venezuelanos está com ele", disse à AFP Giovanni Cardinali, um trabalhador de uma pequena loja de sapatos de 55 anos.
Já a coalizão opositora MUD indicou em um comunicado que "a informação sem precisão sobre a saúde do presidente em vez de tranquilizar inquieta e em vez de diminuir os rumores os aumenta".
Os estudantes, que há uma semana se instalaram em barracas no bairro opositor Chacao de Caracas para exigir a verdade sobre a saúde do presidente, reagiram com ceticismo ao comunicado.
"Nós continuamos esperando uma resposta concreta, que nos digam se o presidente pode voltar a governar ou não e, se não, que se declare sua falta absoluta e eleições sejam convocadas", disse à AFP Gerardo Leaiza, 22 anos, estudante da Universidade de Zulia.
Chávez completa nesta terça-feira 16 dias do surpreendente retorno ao país, depois de permanecer mais de dois meses em Cuba, onde foi operado em 11 de dezembro pela quarta vez contra um câncer detectado em 2011.
Após a cirurgia, Chávez, de 58 anos e no poder desde 1999, tem sofrido com problemas respiratórios, mas o governo garante que ele continua no comando do país e desmente os boatos de uma possível desestabilização da Venezuela.
Villegas acusou os "laboratórios estrangeiros" e a "direita venezuelana" de criar uma "guerra psicológica" para "gerar cenários de violência como pretexto para uma intervenção estrangeira".
Desde o retorno de Cuba, o mistério sobre a saúde de Chávez permanece impenetrável como antes. Não existem registros de imagens de sua estadia no país e, durante a prolongada convalescença, o governo divulgou fotos apenas uma vez, em Havana, na cama, ao lado das filhas, com o jornal Granma na mão.
"A informação dada ontem pelo ministro Villegas (...) já começa a aproximar-se de uma informação mais dura sobre o desenlace do processo da doença", afirmou o analista Luis Vicente León, presidente da empresa Datanálisis, ao canal Globovisión.
Mas para León, o boletim também representa informação política.
"Tem os filtros correspondentes à política, a política vai decidir que coisas podem ser ditas e quando podem ser ditas", afirmou.
Segundo uma pesquisa recente da Datanálisis, 56,7% dos venezuelanos acreditam que Chávez se recuperará, e quase 30% acreditam que não retornará ao poder.
Chávez foi diagnosticado de câncer - do qual se desconhece a localização exata e a gravidade - em meados de 2011 e desde então foi submetido a quatro cirurgias, assim como a ciclos de quimioterapia e radioterapia. Ele foi tratado quase exclusivamente em Cuba, onde gozou de total privacidade.
Os problemas de saúde impediram Chávez de tomar posse em 10 de janeiro, depois da reeleição de outubro de 2012 para um terceiro mandato de seis anos.
Em janeiro, a Assembleia Nacional concedeu ao presidente uma permissão indefinida de ausência do país para tratar a doença, enquanto o Tribunal Supremo de Justiça autorizou a posse quando Chávez estiver em condições.
Chávez nomeou o vice-presidente Nicolás Maduro, 50 anos, como herdeiro político e candidato governista caso não possa reassumir o poder e no caso de convocação de novas eleições em um prazo de 30 dias.
Desde as primeiras horas da manhã, dezenas de seguidores se dirigiram em oração à recém inaugurada "Capela da Esperança" do hospital militar de Caracas, onde Chávez permanece internado para receber tratamento contra o câncer.
"Vim rezar após a notícia de ontem, que foi impactante. A maneira que temos (de enfrentar) é não perder a fé, a esperança", explicou à AFP Marta Rodríguez, uma dona de casa de 50 anos.
Outras pessoas choravam entre orações na capela, onde um papel colado à parede anunciava: "Aberta ao povo para orar pela saúde de nosso comandante presidente".
O ministro da Informação, Ernesto Villegas, anunciou na segunda-feira uma "piora da função respiratória (do presidente) relacionada com o estado de imunodepressão próprio de sua situação clínica".
"Atualmente apresenta uma nova e severa infecção", acrescentou o ministro, sem prever um eventual retorno, inabilitação ou renúncia de Chávez.
Chávez é submetido a sessões de "quimioterapia de forte impacto, entre outros tratamentos complementares", disse Villegas. "A evolução de seu quadro clínico continua sendo muito delicada", acrescentou.
"A sequência é essa: por causa da quimioterapia, ele está com uma queda da imunidade e, devido a isso, contrai uma infecção", disse nesta terça-feira à AFP o médico Carlos Dzik, oncologista do prestigiado Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.
"Em geral, a quimioterapia é feita quando o paciente tem alguma chance de responder a esse tratamento", explicou o especialista.
"O comunicado de ontem não tem um bom aspecto. É difícil que possa se curar. Mas as pessoas vão aguentar (com esta incerteza) até onde puderem, porque, embora esteja assim, ainda é líder, e a maioria dos venezuelanos está com ele", disse à AFP Giovanni Cardinali, um trabalhador de uma pequena loja de sapatos de 55 anos.
Já a coalizão opositora MUD indicou em um comunicado que "a informação sem precisão sobre a saúde do presidente em vez de tranquilizar inquieta e em vez de diminuir os rumores os aumenta".
Os estudantes, que há uma semana se instalaram em barracas no bairro opositor Chacao de Caracas para exigir a verdade sobre a saúde do presidente, reagiram com ceticismo ao comunicado.
"Nós continuamos esperando uma resposta concreta, que nos digam se o presidente pode voltar a governar ou não e, se não, que se declare sua falta absoluta e eleições sejam convocadas", disse à AFP Gerardo Leaiza, 22 anos, estudante da Universidade de Zulia.
Chávez completa nesta terça-feira 16 dias do surpreendente retorno ao país, depois de permanecer mais de dois meses em Cuba, onde foi operado em 11 de dezembro pela quarta vez contra um câncer detectado em 2011.
Após a cirurgia, Chávez, de 58 anos e no poder desde 1999, tem sofrido com problemas respiratórios, mas o governo garante que ele continua no comando do país e desmente os boatos de uma possível desestabilização da Venezuela.
Villegas acusou os "laboratórios estrangeiros" e a "direita venezuelana" de criar uma "guerra psicológica" para "gerar cenários de violência como pretexto para uma intervenção estrangeira".
Desde o retorno de Cuba, o mistério sobre a saúde de Chávez permanece impenetrável como antes. Não existem registros de imagens de sua estadia no país e, durante a prolongada convalescença, o governo divulgou fotos apenas uma vez, em Havana, na cama, ao lado das filhas, com o jornal Granma na mão.
"A informação dada ontem pelo ministro Villegas (...) já começa a aproximar-se de uma informação mais dura sobre o desenlace do processo da doença", afirmou o analista Luis Vicente León, presidente da empresa Datanálisis, ao canal Globovisión.
Mas para León, o boletim também representa informação política.
"Tem os filtros correspondentes à política, a política vai decidir que coisas podem ser ditas e quando podem ser ditas", afirmou.
Segundo uma pesquisa recente da Datanálisis, 56,7% dos venezuelanos acreditam que Chávez se recuperará, e quase 30% acreditam que não retornará ao poder.
Chávez foi diagnosticado de câncer - do qual se desconhece a localização exata e a gravidade - em meados de 2011 e desde então foi submetido a quatro cirurgias, assim como a ciclos de quimioterapia e radioterapia. Ele foi tratado quase exclusivamente em Cuba, onde gozou de total privacidade.
Os problemas de saúde impediram Chávez de tomar posse em 10 de janeiro, depois da reeleição de outubro de 2012 para um terceiro mandato de seis anos.
Em janeiro, a Assembleia Nacional concedeu ao presidente uma permissão indefinida de ausência do país para tratar a doença, enquanto o Tribunal Supremo de Justiça autorizou a posse quando Chávez estiver em condições.
Chávez nomeou o vice-presidente Nicolás Maduro, 50 anos, como herdeiro político e candidato governista caso não possa reassumir o poder e no caso de convocação de novas eleições em um prazo de 30 dias.
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