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EUA têm quatro dias para evitar um default e acalmar o mundo

Em Washington

14/10/2013 17h29

O governo e o Congresso dos Estados Unidos têm apenas quatro dias para chegar a um acordo sobre o orçamento e aumentar o teto da dívida pública para evitar a ameaça do primeiro default (ou calote) de sua história, algo que provoca grande preocupação em todo o mundo.

O Departamento do Tesouro advertiu que, a partir da próxima quinta-feira (17), não poderá cumprir com todos os seus compromissos e, por isso, o Congresso precisa votar uma lei para elevar o limite do endividamento do país e evitar uma interrupção dos pagamentos.

Mas nesta segunda, a Casa Branca informou o adiamento da reunião prevista a tarde de hoje entre o presidente norte-americano, Barack Obama, e os líderes do Congresso para discutir o teto da dívida.

A Presidência indicou que a reunião prevista para as 15h (16h de Brasília) foi adiada "para permitir aos líderes do Senado continuar avançando para uma solução com o objetivo de elevar o limite de endividamento e reabrir serviços públicos".

Paralisação dos EUA

O teto da dívida é o montante máximo das dívidas que o governo pode assumir, e que não pode ser superado. Mas o governo federal financia com deficit (3,9% do PIB em 2013) e é obrigado a continuar se endividando para renovar sua dívida e financiar seus gastos, com bônus do Tesouro ou fundos de retirada.

Ninguém sabe até que data exata o Tesouro poderá garantir seus pagamentos. Pode ser a qualquer momento depois de 17 de outubro, em função das variações diárias da tesouraria. Uma estimativa do Escritório do Orçamento situa a data entre 22 e 31 de outubro.

Os mercados estão cada vez mais tensos com a aproximação do prazo.

O destino do dólar, moeda de reserva mundial, e os bônus do Tesouro, considerados os mais seguros do planeta, dependem das negociações que os republicanos e democratas realizam no Congresso e, particularmente, no Senado, onde neste fim de semana foram realizadas conversações ainda infrutíferas.

Todos estão de acordo que o calote dos Estados Unidos será algo catastrófico, mas os republicanos querem tirar proveito do impasse para obter reformas no orçamento, em particular no sistema de aposentadorias e no plano de saúde pública para os maiores de 65 anos e os mais carentes, programas que consomem 43% do orçamento federal.

O presidente Barack Obama se nega a negociar "com uma arma na cabeça" e acusa seus adversários republicanos de irresponsabilidade.

Estes acreditam que, graças a uma estratégia parecida, Bill Clinton, quando era presidente, se viu forçado a fazer concessões sobre o orçamento.

O próprio Obama também cedeu em agosto de 2011, ao aceitar cortes anuais programados no orçamento até 2021.

"Nossas discussões foram substanciais e continuaremos negociando", afirmou no domingo Harry Reid, chefe da bancada majoritária democrata no Senado.

Os legisladores devem resolver dois assuntos ao mesmo tempo: aumentar o limite da dívida e adotar uma lei de orçamento que permita a reabertura das agências federais, fechadas em 1º de outubro por falta da aprovação do orçamento para o ano fiscal de 2014.

Um default da primeira economia do mundo, mesmo que parcial, vai desencadear um caos internacional, com consequências difíceis de prever.