Três anos depois, muitos problemas ainda cercam Fukushima
FUKUSHIMA DAIICHI, Japão, 10 Mar 2014 (AFP) - Três anos depois do trágico acidente de Fukushima, que forçou uma mudança na política energética do Japão, a sala de controle da usina parece inalterada.
Capacetes, máscaras e luvas jogados para todos os lados foram observados por repórteres que participaram na primeira visita ao local do pior acidente nuclear em gerações.
Nada nas instalações evidencia algum tipo de progresso nas tarefas de controle de danos depois que, no dia 11 de março de 2011, em decorrência de um terremoto e de um tsunami que atingiram o país, a usina foi invadida pela água, que cortou a luz e danificou reatores.
Sem saber dos riscos, funcionários tentaram reparar os danos por horas, até serem forçados a deixar o local.
Não muito longe dos reatores, ainda existe uma área proibida ao público, devido aos altos índices de radioatividade.
Milhares de pessoas trabalham diariamente para manter o local o mais seguro possível, construindo tanques para proteger a água contaminada. Os reatores que derreteram no acidente não podem ser reparados pelos próximos seis anos.
A companhia elétrica de Tóquio, TEPCO, que gerencia a usina, alertou que o espaço para conter a água contaminada está acabando, e que uma parte terá que ser lançada no mar, depois de eliminado o conteúdo mais tóxico.
A ideia foi criticada por pescadores locais, países vizinhos e grupos ambientalistas.
Em 2013, a TEPCO anunciou que 300 toneladas de líquido radioativo vazaram, em um incidente que chamou a atenção para os problemas atuais de Fukushima.
Governo pretende religar reatores
"O gerenciamento desse problema da água ainda não é satisfatório", afirmou Dale Klein, ex-presidente da Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos, e membro do comitê que supervisiona a desativação da usina.
Ele acrescenta que o ritmo de "quatro passos para frente e dois para trás" danificou a imagem da administração, já criticada depois do acidente que forçou dezenas de milhares das pessoas a deixar suas casas, possivelmente para sempre.
A crise levou ao fechamento dos 50 reatores nucleares do Japão, e ao crescimento de um sentimento antinuclear no país, que tem 128 milhões de habitantes e é a terceira maior economia do mundo.
No domingo, milhares de pessoas participaram de uma manifestação em Tóquio opondo-se à decisão do primeiro-ministro Shinzo Abe de religar usinas nucleares.
Abe reiterou nesta segunda-feira que qualquer reator que possa ser usado em segurança vai ser utilizado, alterando a política anunciada pelo governo anterior de tornar o Japão um país livre de energia nuclear até 2040.
"O primeiro-ministro Abe e a indústria nuclear esperam que a população do Japão e do mundo vai esquecer as vítimas e as terríveis lições de Fukushima, e pretendem religar reatores antigos e perigosos", criticou Junichi Sato, diretor-executivo do Greepeace no Japão.
"O que precisamos esquecer é um sistema energético dependente de tecnologias velhas, sujas e perigosas, como combustíveis fósseis e nucleares", acrescentou.
O governo reduziu projetos de energia solar e eólicas, mas essas fontes alternativas ainda devem representar uma pequena porção da matriz energética japonesa.
O acidente também afetou o comércio exterior do Japão, que teve que importar combustíveis para suprir a perda da energia nuclear, que já foi responsável por um quarto da matriz do país, em um cenário de desvalorização do iene.
Também há a preocupação de que, investindo mais em combustíveis fósseis, o país não cumpra as metas de que reduzir as emissões de gás carbônico.
kap-pb/lto/dg
Capacetes, máscaras e luvas jogados para todos os lados foram observados por repórteres que participaram na primeira visita ao local do pior acidente nuclear em gerações.
Nada nas instalações evidencia algum tipo de progresso nas tarefas de controle de danos depois que, no dia 11 de março de 2011, em decorrência de um terremoto e de um tsunami que atingiram o país, a usina foi invadida pela água, que cortou a luz e danificou reatores.
Sem saber dos riscos, funcionários tentaram reparar os danos por horas, até serem forçados a deixar o local.
Não muito longe dos reatores, ainda existe uma área proibida ao público, devido aos altos índices de radioatividade.
Milhares de pessoas trabalham diariamente para manter o local o mais seguro possível, construindo tanques para proteger a água contaminada. Os reatores que derreteram no acidente não podem ser reparados pelos próximos seis anos.
A companhia elétrica de Tóquio, TEPCO, que gerencia a usina, alertou que o espaço para conter a água contaminada está acabando, e que uma parte terá que ser lançada no mar, depois de eliminado o conteúdo mais tóxico.
A ideia foi criticada por pescadores locais, países vizinhos e grupos ambientalistas.
Em 2013, a TEPCO anunciou que 300 toneladas de líquido radioativo vazaram, em um incidente que chamou a atenção para os problemas atuais de Fukushima.
Governo pretende religar reatores
"O gerenciamento desse problema da água ainda não é satisfatório", afirmou Dale Klein, ex-presidente da Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos, e membro do comitê que supervisiona a desativação da usina.
Ele acrescenta que o ritmo de "quatro passos para frente e dois para trás" danificou a imagem da administração, já criticada depois do acidente que forçou dezenas de milhares das pessoas a deixar suas casas, possivelmente para sempre.
A crise levou ao fechamento dos 50 reatores nucleares do Japão, e ao crescimento de um sentimento antinuclear no país, que tem 128 milhões de habitantes e é a terceira maior economia do mundo.
No domingo, milhares de pessoas participaram de uma manifestação em Tóquio opondo-se à decisão do primeiro-ministro Shinzo Abe de religar usinas nucleares.
Abe reiterou nesta segunda-feira que qualquer reator que possa ser usado em segurança vai ser utilizado, alterando a política anunciada pelo governo anterior de tornar o Japão um país livre de energia nuclear até 2040.
"O primeiro-ministro Abe e a indústria nuclear esperam que a população do Japão e do mundo vai esquecer as vítimas e as terríveis lições de Fukushima, e pretendem religar reatores antigos e perigosos", criticou Junichi Sato, diretor-executivo do Greepeace no Japão.
"O que precisamos esquecer é um sistema energético dependente de tecnologias velhas, sujas e perigosas, como combustíveis fósseis e nucleares", acrescentou.
O governo reduziu projetos de energia solar e eólicas, mas essas fontes alternativas ainda devem representar uma pequena porção da matriz energética japonesa.
O acidente também afetou o comércio exterior do Japão, que teve que importar combustíveis para suprir a perda da energia nuclear, que já foi responsável por um quarto da matriz do país, em um cenário de desvalorização do iene.
Também há a preocupação de que, investindo mais em combustíveis fósseis, o país não cumpra as metas de que reduzir as emissões de gás carbônico.
kap-pb/lto/dg