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FBI incentivou atos terroristas em operações infiltradas, afirma ONG

Em Washington

21/07/2014 12h15

O FBI encorajou e até mesmo pagou muçulmanos americanos para incitá-los a cometer atentados durante operações infiltradas, montadas depois dos atentados do 11 de setembro, segundo um relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) divulgado nesta segunda-feira (21).

Em muitos dos 500 casos de terrorismo analisados por tribunais americanos desde 2001, "a promotoria americana e o FBI tiveram como objetivo muçulmanos americanos em operações clandestinas de contraterrorismo abusivas, baseadas na condições religiosa ou étnica", denuncia o informe da HRW.

A conceituada organização estudou 27 casos, com a ajuda da Escola de Direito da Universidade da Columbia. Foram examinados os processos de investigação, acusação e as condições de prisão de dezenas de pessoas. Foram compilados 215 testemunhos, entre acusados, processados, advogados, juízes e promotores.

"Em alguns casos, o FBI pode ter criado terroristas a partir de pessoas que respeitavam a lei, ao sugerir a ideia de realizar ações terroristas ou ao encorajar o alvo a agir", diz o texto, que considera que metade das condenações são resultado de operações infiltradas. Em 30% dessas situações, o agente infiltrado joga um papel ativo na tentativa de atentado.

"Muitas das pessoas nunca teriam cometido um crime, se as forças de ordem não as tivessem estimulado, impulsionado e até mesmo pago, para cometer atos terroristas", explicou Andrea Prasow, uma das autoras do trabalho.

O relatório cita o caso de quatro indivíduos de Newburgh (Estado de Nova York) acusados de ter planejado atentados contra sinagogas e uma base militar americana. De acordo com o juiz do caso, o governo "proporcionou a ideia do crime, os meios e lhes abriu o caminho", transformando em "terroristas" pessoas "de uma bufonaria digna de Shakespeare".

Segundo a ONG, o FBI busca pessoas vulneráveis, com problemas mentais ou intelectuais.

Outro do caso apresentado é de Rezwan Ferdaus, de 27 anos, condenado a 17 anos de prisão por pretender atacar o Pentágono com pequenos drones carregados de explosivos. Um agente do FBI reconheceu que Fergus apresentava "claramente" problemas mentais, mas que isso não impediu o policial infiltrado de planejar o atentado.