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Vencedor do Oscar de melhor diretor Mike Nichols morre aos 83 anos

20/11/2014 14h39

LOS ANGELES, 20 Nov 2014 (AFP) - O diretor de teatro e cinema americano Mike Nichols - ganhador do Oscar pelo clássico "A primeira noite de um homem" - morreu na quarta-feira, vítima de um ataque cardíaco aos 83 anos, informou a imprensa americana nesta quinta.

Nichols é uma das raras figuras do entretenimento americano a ter um "EGOT", ou seja, todos os prêmios da área, Emmy, Grammy, Oscar e Tony.

Além de conquistar o ambicionado Oscar, Nichols recebeu sete Prêmios Tony, a maior distinção do teatro, dois Emmy (TV) e um Grammy (música) em 1961 por Melhor Atuação Cômica ao lado de sua parceira artística de longa data Elaine May.

O diretor era casado há 26 anos com a famosa jornalista Diane Sawyer. Nichols tinha três filhos e quatro netos.

O assessor de Sawyer confirmou a morte em um comunicado em que exalta a genialidade do cineasta e sua mente brilhante.

"Com uma carreira de triunfos em quase seis décadas, Mike contribuiu com as mais icônicas obras do cinema americano, com um impressionante currículo que abrange de 'A primeira noite de um homem' a 'Uma secretária de futuro' e 'Quem tem medo de Virginia Woolf'", entre outros.

"Ele era um verdadeiro visionário, recebeu as mais altas honrarias no mundo das artes por seu trabalho como diretor, roteirista, produtor e ator", afirmou James Goldston, presidente da ABC News, em um comunicado.

A imprensa americana informou que a família de Nichols pretende organizar um enterro discreto no fim de semana, e encomendar um serviço memorial posteriormente.



Atrás das câmeras

Filho de um médico russo que fugiu para Berlim depois da Revolução Russa, seu nome verdadeiro era Michael Igor Peschkowsky.

Sua família foi obrigada a deixar a Alemanha e a ir para os Estados Unidos, dessa vez para fugir do nazismo, em 1939. Com 7 anos, Nichols passou a viver em Nova York.

Com uma infância difícil, principalmente depois da morte de seu pai quando ele tinha apenas 12 anos, Nichols fugia da realidade nas sessões de cinema. Não demorou para que ele se interessasse em ter uma carreira no mundo do entretenimento, o que o levou a se tornar um dos maiores visionários da sétima arte.

Ele, no entanto, começou na comédia, atuando ao lado de May, com quem fazia shows de improvisação que inspirou gerações de artistas stand-up.

Nichols e May também cofundaram o Compass Players, um grupo de atuação improvisada, que viria a se tornar o renomado Second City improvisational Theater Troupe, onde surgiram os mais importantes nomes da comédia americana, como John Belushi, Steve Carrell e Stephen Colbert.

Nichols e May se separaram em 1961, ele para se dedicar à carreira de diretor de teatro e cinema e ela para se focar no trabalho de roteirista e atriz.

Apesar de ter seu talento cômico premiado, foi na direção que Nichols achou sua verdadeira vocação.

Além do Oscar por "A primeira noite de um homem", em 1967, Nichols foi indicado por "Silkwood - O retrato de uma coragem", "Quem tem medo de Virginia Woolf" e "Uma secretária de futuro".

Também assinou filmes como "Uma segunda chance", "Lembranças de Hollywood", "A gailosa das loucas" (versão com Robin Williams), e mais recentemente "Closer - Perto demais".

A Associação de Diretores dos Estados Unidos no início do ano concedeu a Nichols sua maior distinção, o Prêmio Honorário pelo Conjunto de Sua Carreira.

Falando à ABC News, o roteirista Tom Stoppard, amigo íntimo de Nichols, elogiou o falecido diretor.

"Ele era generoso. Ele era bom em proporcionar apoio e alegria. Ele iluminava os ambientes e, é claro, era muito divertido", afirmou. "Para mim, era o melhor da América".

A nota também citou Meryl Streep, uma antiga colaboradora do diretor, que falou de sua experiência de trabalhar com ele.

"Ela uma vez falou a respeito de Mike: 'Nenhuma explicação do nosso mundo poderia ser completa e nenhuma história ou imagem seria tão rica se não tivéssemos você', exaltando um dos artistas essenciais do nosso tempo".