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Justiça dos EUA ordena Monsanto a pagar US$ 290 milhões a homem com câncer por uso de glifosato

Robyn Beck/AFP
Imagem: Robyn Beck/AFP

San Francisco

10/08/2018 22h20

Um júri de San Francisco ordenou nesta sexta-feira (10) à gigante agroquímica Monsanto pagar a uma vítima de câncer em fase terminal quase US$ 290 milhões em danos por não alertar que o glifosato contido em seus herbicidas era cancerígeno.

O grupo considerou que a companhia agiu com "malícia" e que seu herbicida RoundUp, assim como sua versão profissional RagenrPro, contribuíram "substancialmente" para a doença terminal do jardineiro californiano Dewayne Johnson.

A Monsanto afirmou que vai recorrer da decisão.

"Sentimos empatia com o senhor Johnson e sua família (...) mas defenderemos vigorosamente este produto com 40 anos de história e que continua sendo vital, efetivo e seguro para agricultores e outros", declarou a Monsanto.

Após oito semanas nos tribunais, o júri ordenou à companhia pagar US$ 250 milhões em danos punitivos com danos compensatórios e outros custos, levando o total a quase US$ 290 milhões.

Johnson, de 46 anos, sofre de um linfoma não Hodgkin incurável, que ele atribui ao fato de ter utilizado repetidamente RoundUp e RangerPro durante seu trabalho em uma escola entre 2012 e 2014.

É a primeira vez que a Monsanto, adquirida pela alemã Bayer, se encontra no banco dos réus pelos potenciais efeitos cancerígenos destes produtos que contêm glifosato, uma substância controversa.

Especialistas coincidem em que o veredito pode abrir a porta para centenas de novos processos.

O caso se baseou nas conclusões da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer - um organismo da Organização Mundial da Saúde - que em 2015 classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno".

A Monsanto sempre negou qualquer relação entre o câncer e o glifosato.