Topo

Funk "Mais de 20 engravidou" pode ter inspirado fala em vídeo de estupro; veja letra

No Rio

02/06/2016 10h28

Nas imagens da jovem de 16 anos violentada no Morro da Barão, no complexo de Favelas São José Operário (zona oeste do Rio de Janeiro), divulgadas nas redes sociais, é possível ouvir vozes de homens que mencionam "mais de 30 engravidou", enquanto riem da vítima, desacordada e nua, e tocam em suas partes íntimas. A citação refere-se a um funk que já ganhou várias versões nos bailes das favelas e da periferia do Rio, chamado "Mais de 20 engravidou".

Com letras adaptadas para diferentes comunidades, o funk menciona personagens que se relacionam com várias mulheres diferentes e engravidam muitas delas. Uma versão é do MC Cazuza, do Recife, sobre o personagem D’red: "O D’red ele é sinistro/ Podes crer que esculachou/ Na GAB tira onda / Mais de 20 engravidou / O D’red ele é sinistro / Podes crer que esculachou / Na faculdade tira onda / Mais de 20 engravidou/ Ele é o mestre do disfarce/ Ilude até o ilusionista/ Se mexer com o D’red/ Tu vai ficar de barriga/ Em casa é com a fiel/ E na rua é com as novinhas/ D’red tá dividido/ Entre o amor e a orgia".

Outra versão é de DJ Daniel, de Minas: "Mas eu vou te dar um papo pois eu não tô de caô / Mais de 20 engravidou / Não quero mais casamento / Mulherada, estou solteiro / Não casem, casar é uma m.../Sou f..., na cama te esculacho, na sala ou no quarto/ No beco ou no carro".

Uma terceira versão, de MC Smith, tem a mesma letra, com variações de favelas do Rio, como Mangueira e Chatuba. "Pras novinhas da Mangueira / Por favor não se intimida / É mexer com o Chevette /Tu vai ficar de barriga/ O papo tá maneiro / Negócio é chapa quente / Depois de nove meses /Tu vai ganhar um presente/ Mas eu vou te dar uma ideia/ Pois eu não tô de caô / O Chevette ele é sinistro/ Mais de 20 engravidou." Nas redes sociais é possível encontrar as várias versões, em geral acompanhadas de imagens de rapazes nas favelas e fotografias de mulheres de biquíni ou nuas.

Baile

Em depoimento à polícia, a jovem disse que foi a um baile no Morro da Barão, disposta a encontrar um "ficante", o jogador de futebol Lucas Perdomo Santos, de 20 anos. Ela disse ter sido dopada e ter acordado com 33 homens em volta, armados. A casa onde a vítima estava é conhecida como "abatedouro", ponto de encontro dos jovens depois dos bailes. O depoimento da adolescente causou dúvidas pelo fato de ela ter citado o número de agressores. Uma pessoa envolvida nas investigações disse à reportagem que a jovem pareceu em alguns momentos em dúvida quanto ao número de homens que a violentaram, mas disse não ter dúvida de que foi atacada. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".