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Mesmo após derrota em votação, Cunha ainda descarta renúncia

Decisiva, Tia Eron vota pela cassação de Cunha

UOL Notícias

Daniel Carvalho

14/06/2016 23h19

Eduardo Cunha ainda não considera a possibilidade de renunciar à presidência da Câmara mesmo após a derrota sofrida na tarde desta terça-feira (14) no Conselho de Ética. O presidente afastado reuniu alguns aliados de sua tropa de choque e advogados que cuidam de sua defesa em várias frentes nesta noite.

O peemedebista irá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da decisão do colegiado, que aprovou parecer favorável à sua cassação. No entanto, o recurso não deve ser apresentado nesta quarta-feira (15).

A expectativa é de que a reunião com seus advogados avance pela noite para que possam encontrar alternativas processuais.

Aliados de Eduardo Cunha avaliam desde o início da noite que a situação do peemedebista ficou "insustentável" após a derrota e acreditam que aumentará a pressão para que renuncie.

Opositores do presidente afastado voltaram a se reunir nesta noite para discutir a sucessão de Cunha, mas não chegaram a nenhum nome. No entanto, esses deputados já praticamente definiram que irão disputar a presidência da Câmara contra o chamado centrão.

Influência de Cunha

Diante dos recados dados pelos corredores da Câmara de que Eduardo Cunha "morreria atirando" para todos os lados, deputados outrora ligados ao presidente afastado procuraram nesta terça-feira minimizar o poder de fogo do peemedebista.

Sob anonimato, comentavam que Cunha pode até falar, mas dificilmente terá como provar as acusações que eventualmente fará. Um opositor, no entanto, pondera que, nos dias atuais, não é mais preciso ter provas para destruir uma reputação.

Derrota no Conselho de Ética

O Conselho de Ética da Câmara aprovou nesta terça-feira (14), por 11 votos a nove, a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), num processo que tramita desde outubro na Câmara e é o mais longo da história da comissão de ética. A cassação do deputado foi pedida no último dia 1º pelo relator Marcos Rogério (DEM-RO).

Os votos decisivos vieram por parte da Tia Eron (PRB-BA), que ainda não havia tornado público seu posicionamento, e Wladimir Costa (SD-PA), que mudou o voto. Durante a votação, que foi feita com cada deputado anunciando o voto, alguns parlamentares ergueram cartazes pedindo "Fora, Cunha", e dizendo tratar-se de uma "vitória da pressão popular".

O pedido de cassação agora precisa ser aprovado em plenário pelo voto de ao menos 257 dos 513 deputados. Antes, a defesa de Cunha pode recorrer à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara sobre eventuais falhas na tramitação do caso. Apenas depois do recurso à CCJ é que o conjunto dos deputados decide sobre a perda do mandato.