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Intimidade de Haddad com "Pokémons" causam ciúme no PT

Fernando Haddad durante ato de campanha - Jorge Araujo/Folhapress
Fernando Haddad durante ato de campanha Imagem: Jorge Araujo/Folhapress

De São Paulo

07/09/2016 08h55

Eles estão na faixa dos 30 anos, têm sólida formação universitária, militam no campo da esquerda e trabalham na Prefeitura de São Paulo. O diferencial desses jovens é que integram um dos grupos mais próximos ao prefeito Fernando Haddad (PT), candidato à reeleição.

Segundo integrantes do comando da campanha de Haddad, essa turma só perde em influência para o núcleo duro da administração municipal. Como a maioria deles trabalha no gabinete de Haddad - em cargos de confiança cujos salários variam entre R$ 3 mil e R$ 5 mil - o acesso é mais fácil do que para a maioria da direção do PT de São Paulo e do próprio comitê de campanha, que precisam agendar as conversas com o prefeito.

As conversas vão de política ao uso das redes sociais, uma novidade para o petista que só foi abrir uma conta no Facebook em outubro passado. Também é deles que o prefeito fila cigarros esporádicos - Haddad voltou a fumar no fim do ano passado.

A intimidade que atropela as instâncias partidárias, aliada ao estilo centralizador do prefeito no comando da própria campanha, despertaram a contrariedade de parte do PT. Os petistas, que batizaram o grupo ironicamente como os "Pokémons do Haddad", alegam que o prefeito usa os jovens como anteparo para críticas internas e delega a eles funções que seriam do comando da campanha.

O PT tem cobrado do prefeito maior visibilidade para as marcas do partido e um discurso mais focado na parcela do eleitorado que mora na periferia e historicamente votou na sigla e hoje está dividida entre as ex-petistas Marta Suplicy (PMDB) e Luiza Erundina (PSOL).

Os jovens rejeitam a classificação de "grupo político" e preferem ser chamados de "turma de 2012", em referência à campanha eleitoral daquele ano, quando se aproximaram do prefeito.

É o caso de Frederico Assis, o Fred, assessor especial, e Felipe Teixeira, assessor da secretaria de Gestão. Formados em Relações Internacionais pela USP, eles estavam em um grupo de dez jovens que abordou Haddad ainda na pré-campanha em 2012. Se filiaram ao PT, ajudaram a eleger o prefeito e foram chamados para integrar o governo.

Na Prefeitura, conheceram Mariana Doher, a Mari, também formada em RI, responsável pela agenda do prefeito; André Kawak, economista, também assessor especial; Gabriela Gambi, a Gabi, outra formada em RI; André Tredezini, o Dedé; Alexandre Ferreira, o Alê, e Laio de Morais.

Os três últimos, formados em Direito, são amigos de Frederico, filho do prefeito. Alê e Dedé presidiram o Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade do Largo São Francisco, presidido pelo próprio Haddad em 1985.

A exceção é Cláudio Silva, o Claudinho, coordenador de Políticas para a Juventude, vindo da favela Monte Azul, que chegou à Prefeitura via diretórios zonais do PT.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".