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Alckmin ensaia discurso anti-Doria contra a radicalização no PSDB

Alckmin e Doria são apontados como os principais nomes do PSDB para 2018 - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Alckmin e Doria são apontados como os principais nomes do PSDB para 2018 Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Alberto Bombig

São Paulo

11/08/2017 08h37

Se o prefeito de São Paulo, João Doria, quer ser visto como o anti-Lula, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, parece querer se cacifar como o anti-Doria dentro do PSDB, pelo menos no que diz respeito à retórica política.

Na contramão do discurso repisado pelo prefeito, Alckmin afirmou, em entrevista à "Rádio Gaúcha", que buscará uma conciliação política no país. O aceno de Alckmin é, sobretudo, para a parcela do eleitorado cansada da polarização, o chamado "Fla x Flu ideológico", e para setores do empresariado cansados dos sobressaltos provocados pela política nos últimos anos.

Um importante banqueiro afirmou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que nomes fortes do setor financeiro e do empresariado avaliam apoiar no ano que vem um candidato com larga experiência administrativa na esfera pública. Alckmin está no quarto mandato como governador, enquanto Doria completou seu sétimo mês à frente da capital paulista.

Apesar de ter dito na segunda-feira passada, em Salvador, que também trabalhará pela união nacional, Doria tem se cacifado eleitoralmente como um contraponto intransigente ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por mais de uma vez, ele já se recusou a debater com petistas e valeu-se de expressões como "vai procurar sua turma lá em Curitiba (sede da Lava Jato)" para se referir a eles.

Na entrevista, Alckmin foi questionado sobre o ovo atirado por manifestantes em Salvador contra Doria. O governador defendeu o prefeito, mas aproveitou para marcar posição: "Agredir pessoas é próprio de quem não tem argumento e parte para a violência. Esse não é o bom caminho. Aliás, eu vou trabalhar muito para unir o Brasil, porque uma casa dividida nem sempre dá bons resultados. Ao menos nas questões essenciais, vou procurar unir mais, buscar uma convergência".

Para analistas, a estratégia de Doria de polarização com Lula e o PT tem inspiração na campanha de Donald Trump nos EUA e seria suficiente para levar o tucano ao segundo turno, mas enfrentará resistência no empresariado e no segundo turno.

Para o governador, o PSDB precisa definir quem será o candidato a presidente da República ainda este ano. "Não precisa ser agora, mas também não pode ser improvisado de última hora. O Brasil é um país continental, precisa ter boas propostas, ouvir, debater. O prazo tem de ser dezembro", afirmou Alckmin. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".