Juízes manifestam apoio a Gabriela Hardt em evento no Paraná
O desembargador Marcello Granado, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região, fez nesta sexta-feira (26) um pronunciamento em defesa da juíza Gabriela Hardt, que conduziu processos da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. A declaração foi dada no Fórum Nacional de Juízes Federais Criminais, em Foz do Iguaçu (PR). Ontem, no mesmo evento, o juiz federal Walter Nunes, corregedor da Penitenciária Federal de Mossoró, também declarou publicamente apoio à colega.
"Manifesto solidariedade à colega Gabriela Hardt e ao colega Danilo Pereira Junior (atual titular da 13ª Vara de Curitiba", disse Granado em discurso breve. A juíza estava na plateia e foi aplaudida.
No dia 15, o corregedor do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Luís Felipe Salomão, afastou Hardt de suas atividades em decisão individual. No dia seguinte, o plenário do CNJ revogou a medida. O conselho ainda vai decidir se abre processo administrativo contra a juíza.
"Mudou muito. Eu hoje tenho receio de decidir. Hoje eu penso um milhão de vezes antes de tomar uma decisão. Eu faço parte da seção que julga o que sobrou da Lava Jato. Já fui vencido algumas vezes, e ser vencido não é problema em um colegiado. Mas hoje em dia a gente tem que pensar duas vezes antes de decidir infelizmente. Todos nós sabemos que nossa independência é garantia ao cidadão. Se tivermos medo de decidir e perdermos o principal atributo da magistratura, que é a coragem, não sei o que pode acontecer", afirmou Granado.
Antes da manifestação de Granado, o ministro Paulo Sérgio Domingues, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), pediu a palavra para fazer uma "defesa intransigente da independência da magistratura em cada um dos processos". E completou: "Nós não podemos ter aqui juízes com receio de julgar. Espero que seja sempre assim". Em seguida, o ministro disse que a mídia já foi muito usada para pressionar juízes. "E, períodos turbulentos, isso fica mais forte. Mas, como sempre, vai passar", finalizou.
Ontem, Walter Nunes elogiou o profissionalismo de Hardt e lembrou que ela foi corregedora da Penitenciária de Catanduvas em 2016 e 2017.
Além de Hardt, Salomão também afastou de suas atividades dois desembargadores do TRF da 4ª Região - Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lima - e o juiz Danilo Pereira Junior.
Reportagem
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