A raiva dos jovens pelo Brexit: "perdemos o direito de viver em 27 países"
"O futuro deste país foi decidido por quem não vai estar aqui para viver com as consequências. Que desastre", escreveu em sua conta no Twitter um jovem que é identificado como @ ThomasAmor1 que vive em Manchester, no norte da Inglaterra.
Algumas das opiniões mais viscerais sobre o resultado do plebiscito, que deixa o Reino Unido fora da União Europeia, apareceram no Twitter com as hashtags "Not in my name" ("Não em meu nome") e "What have we done" ("O que nós fizemos"), que se tornaram tendências na manhã de sexta-feira (24) na rede social e foram utilizados mais de 20 mil vezes.
Insatisfeitos com o resultado, mais de 2 milhões de pessoas já assinaram uma petição pedindo um segundo plebiscito. Como o documento tem mais de 100 mil assinaturas, o Parlamento irá considerá-lo no debate.
O representante de Tottenham no Parlamento, David Lammy, tuítou que as pessoas poderiam "parar com essa loucura através de uma votação no Parlamento". Ele disse que deve haver uma votação na próxima semana para discutir se o Reino Unido vai para a frente com Brexit.
No entanto, aqueles que apoiaram a Brexit também usaram o Twitter e hashtags como #IndependeceDay e #BrexitBulldog para comemorar. Na quinta-feira (23), o Reino Unido decidiu deixar o bloco europeu em uma consulta histórica.
Com uma participação de 72%, houve 17,410,742 votos a favor de sair do bloco e 16,577,342 votos a favor do permanecer. A maioria dos jovens que votaram foram os principais perdedores da eleição.
Em sua maioria, eles votaram a favor de permanecer na União Europeia, enquanto os mais velhos escolheram a saída. Segundo a sondagem oficial do governo, YouGov, 75% dos eleitores entre 18 e 24 votaram no "Remain",ou seja, queriam ficar no bloco europeu. 56% dos eleitores entre 25 e 49 anos também foram a favor da continuidade no bloco.
Entre os eleitores com idades entre 50 e 64 anos, apenas 44% queriam ficar na União Europeia. E entre os com mais de 65 anos, apenas 39% votaram pela continuidade. No Reino Unido, a idade mínima para participar de votações é de 18 anos, embora na Escócia, desta vez, reduziram o limite para 16 anos.
"Geração do Brexit"
Jovens de todas as partes tinham dito que não queriam ser conhecidos como a "geração Brexit" e muitos usaram o Twitter para expressar sua insatisfação. A rede social não reflete a opinião geral da população. Sua demografia é muito mais jovem do que a população britânica no geral. No entanto, ela tornou-se um termômetro de opinião entre os jovens.
Uma jovem que se identificou como Jess (@JessVisco) escreveu: "Obrigado a todos. Não nos foi permitido votar pelo nosso futuro. Não pode fazer nada #WhatHaveWeDone". Alex Cooper, um músico de 20 anos que vive em Hampshire, no sul da Inglaterra, publicou a foto abaixo em sua conta no Twitter: "Eu estou indo viver em outro lugar", disse ele depois de expressar a sua consternação pelo resultado do plebiscito.
"Eu realmente não irei mas, como guitarrista, sinto que (após a decisão de deixar a União Europeia) ficarão muito difíceis as minhas possibilidades de sair em turnê pela Europa. Isso é certo. Sonho em viver no exterior. Talvez isso é o que farei um dia, estou pensando em França".
Diferentes gerações
"O futuro da nossa geração tem sido em grande parte decidido por aqueles que não serão afetados a longo prazo. O nosso país está irreconhecível #NotInMyName", escreveu outra jovem usuária do Twitter que se identificou como Katie (@Kaaaaatie_x).
Caden (@transclone) escreveu: "O futuro da minha geração foi decidido por aqueles que têm mais de 65 anos que não sofrerão as consequências, enquanto aqueles com 16 e 17 anos não tiveram como se expressar #NotInMyName".
Um usuário cuja conta é Happiness Hunter (@ 10habits) disse: "#NotInMyName Gente mais velha do que eu está reduzindo enormemente as oportunidades de pessoas mais jovens do que eu."
"O destino do nosso país foi decidido por pessoas que anseiam por um passado que nunca existiu e criaram um futuro que é sombrio #NotInMyName", escreveu Rebecca W (@ReallyWe). "Eu sou parte da quase metade que não queria isso. Eu também sou parte da geração que vai sofrer mais #NotInMyName", escreveu Georgie Moore (@georgiemxxre).
"Uma geração de visões obsoletas custou o meu futuro e o de cada jovem, mas morrerá antes de ver as conseqüências #NotInMyName", disse Jake Upton (@ UptonJake1). Enquanto que uma jovem que se identificou como @lunabxtch disse: "Não posso acreditar que estou acordando ante um futuro destroçado por aqueles que decidiram não ficar unidos ao mundo".
Georgina Hayes compartilhou esta mensagem: "Totalmente arrasada. Medo e ignorância ganharam a tolerância e a unidade Este resultado não fala por mim."
"Uma elite por outra"
Um artigo publicado no jornal britânico Financial Times, na seção FT Communities, sobre o resultado do plebiscito expressa parte da consternação que muitos eleitores sentem. Intitulado "Diga-nos: eleitores optaram por deixar a UE. E agora?" ("You tell us: voters chose to leave the EU. Now what?"), o texto incluiu opiniões diferentes, como a de Nicholas, que escreveu:
"Eles simplesmente trocaram uma elite distante e inatingível por outra. Em segundo lugar, a geração mais jovem perdeu o seu direito de viver e trabalhar em 27 países. Nunca saberemos a verdadeira extensão da perda de oportunidades, amizades, casamentos e experiências que nos negãrão", disse ele.
No Twitter, Laceybloke (@laceybloke) também fez alusão ao elemento familiar: "Acontece que os aposentados odeiam mais os" imigrantes" do que amam seus netos #WhatHaveWeDone #NotMyVote".
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