Crise política escala para conflito étnico e deixa Sudão do Sul à beira da guerra civil
ONU aprova resolução para aumentar número de soldados das forças de paz no país. Correspondente da DW relata assassinatos em massa motivados por ódio étnico no país num conflito que já deixou milhares de mortos.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por unanimidade nesta terça-feira (24) uma resolução para reforçar com 5.500 capacetes azuis a missão no Sudão do Sul (UNMISS), o que eleva o número de soldados na região para 12.500.
"Não há solução militar para este conflito. É uma crise política que requer uma solução pacífica", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, após agradecer ao Conselho de Segurança pela pronta resposta.
ONU vai reforçar segurança no Sudão do Sul
Os soldados serão transferidos das missões de Congo, Darfur, Costa do Marfim, Libéria e da região sudanesa de Abyei para ajudar a frear a escalada de violência que deixou milhares de mortos nos últimos dias.
O embaixador do Sudão do Sul na ONU, Francis Deng, saudou a resolução. "Eu asseguro que meu governo está fazendo todo o possível, nessas difíceis circunstâncias, para restabelecer a ordem e a estabilidade."
A um passo da guerra civil
O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, também elogiou a resolução. "Precisamos evitar que o conflito se torne uma guerra civil motivada por razões étnicas", disse.
Raio-X do Sudão do Sul
Nome oficial: República do Sudão do Sul
Capital: Juba
População: 11 milhões
Idiomas oficiais: árabe e inglês
Religião: animista e católica
Moeda: libra sul-sudanesa
Data da independência: 9 de julho de 2011
A correspondente da DW Hannah McNeish disse que no país já se fala em guerra civil. "A situação escalou de um conflito político para assassinatos étnicos generalizados", disse McNeish, que está na capital do Sudão do Sul, Juba. Segundo ela, civis armados se juntaram a várias facções militares e estão atacando etnias rivais.
Os tumultos no país começaram quando o presidente Salva Kiir acusou o ex-vice-presidente Riek Machar de uma tentativa de golpe de Estado.
A disputa política entre eles está por trás do conflito, já que ambos pertencem a etnias diferentes. Kiir faz parte da etnia Dinka, o maior grupo étnico do Sudão do Sul, enquanto Machar pertence à comunidade étnica Lou Nuer. Ambas as tribos têm travado violentos conflitos desde a independência do Sudão do Sul, em 2011.
O secretário de Estado norte-americano John Kerry tenta mediar negociações para um cessar-fogo. De acordo com a emissora CNN, Kerry conversou por telefone com o ex-vice-presidente Riek Machar.
Milhares de mortos
Segundo informações da UNMISS, o número de mortos nos combates dos últimos dias é mais alto do que se estimava. O vice-chefe da missão, Toby Lanzer, disse não ter dúvidas de que o número de vítimas chega aos milhares. Até então, as estimativas eram de 500 mortos.
A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, informou em Genebra sobre a descoberta de valas comuns no país. Cerca de 45 mil pessoas já se refugiaram em abrigos da ONU para escapar da onda de violência.
O fator petróleo
O setor petrolífero foi seriamente afetado pelo conflito. As companhias de petróleo do país estão evacuando seus funcionários depois que pelo menos cinco trabalhadores sul-sudaneses foram mortos na semana passada. O governo, no entanto, insiste que as instalações não foram danificadas, e que o petróleo continua sendo distribuído.
O setor responde por mais de 95% da economia do Sudão do Sul. O jovem país se tornou rico em petróleo após a independência, mas continua extremamente pobre e repleto de armas de pequeno porte devido ao longo conflito com o Sudão, que culminou na separação dos dois países.
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