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Justiça alemã acusa nonagenário por cumplicidade em 3.681 mortes em Auschwitz

Valery Hache/AFP
Imagem: Valery Hache/AFP

Em Berlim

23/02/2015 15h57

O Ministério Público de Schwerin, na Alemanha, acusou nesta segunda-feira (23) formalmente um suposto criminoso de guerra nazista, de 94 anos, por cumplicidade na morte de pelo menos 3.681 pessoas no campo de extermínio de Auschwitz-Bierkenau (Polônia), onde serviu como enfermeiro em 1944.

As autoridades consideraram que o homem está em condições de responder na justiça, apesar de sua idade avançada. Em abril do ano passado, a justiça ordenou sua libertação após ser decretada sua prisão provisória devido a sua idade e estado de saúde.

O promotor-chefe Hans Forster explicou que para formular a acusação de cumplicidade de assassinato foi determinante o fato do acusado saber que Auschwitz-Birkenau era um campo de extermínio, e que com seu trabalho contribuía para o funcionamento do local.

Segundo o promotor, não é necessário que o acusado, identificado apenas como Hbbert Z. por alguns meios de comunicação, tenha participado diretamente dos assassinatos.

De acordo com a investigação, o acusado, original do estado federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, serviu como enfermeiro no campo de extermínio entre 15 de agosto e 14 de setembro de 1944, período no qual pelo menos 3.681 pessoas morreram nas câmaras de gás logo após chegarem em Auschwitz-Birkenau.

A decisão do ano passado de pôr em liberdade o suposto criminoso nazista aconteceu três semanas depois de sua prisão provisória.

Apesar da ordem de prisão ter sido revogada, a investigação contra ele prosseguiu, ao persistirem suspeitas fundamentadas de seu envolvimento nas mortes de presos.

Em outro caso, no início do mês, a Audiência de Luneburg informou sobre a abertura, provavelmente em 21 de abril, do julgamento de um ex-membro da SS (tropa de elite nazista) de 93 anos, acusado de cumplicidade na morte de pelo menos 300 mil presos do campo de extermínio de Auschwitz.

O Ministério Público de Hannover acusa o suspeito de ter servido no campo em 1944, encarregado de etiquetar e apreender as bagagens dos deportados que eram encaminhados para as câmaras de gás, ao serem considerados não aptos para o trabalho forçado.

De acordo com a acusação, o homem conhecia o destino dos deportados e contribuiu com seu trabalho ao Holocausto.

Além disso, recentemente o Ministério Público de Dortmund formulou uma acusação contra um suposto criminoso nazista de 93 anos por cumplicidade no assassinato nesse mesmo campo de extermínio.

Estima-se que em Auschwitz morreram assassinados pelos nazistas cerca de dois milhões de pessoas, a maioria judeus.