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Em meio a bombardeios, ajuda humanitária começa a chegar ao Iêmen

08/04/2015 18h30

Sana/Cairo, 8 abr (EFE).- A ajuda humanitária começou a chegar nesta quarta-feira ao Iêmen, onde na cidade de Áden atracaram dois navios da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), carregados de equipamentos médicos preparados para atender os feridos no conflito.

Nenhuma das partes aceitou o tão aguardado cessar-fogo humanitário que permitiria repartir a ajuda, embora, segundo confirmaram ambas organizações, os dois navios tenham chegado em perfeitas condições após passarem a noite inteira viajando.

A embarcação da MSF partiu de Djibuti e com 1,7 toneladas de equipamentos médicos de emergência que serão utilizados no hospital que da ONG em Áden, conforme disse em o representante da organização para o Iêmen, Pablo Marco.

"A situação é apavorante", acrescentou o representante, de Amã, onde administra o futuro envio de mais material e equipamentos médicos.

Segundo Marco, a necessidade mais urgente em Áden é "garantir que os hospitais continuem funcionando", por isso é fundamental que seja possível enviar mais ajuda humanitária para que a MSF tenha recursos em seu hospital, que já atendeu mais de 600 feridos.

"Esperamos que este navio seja o primeiro de muitos" a chegarem ao Iêmen, afirmou.

Para isso, as embarcações deverão superar as dificuldades para obter as permissões da coalizão árabe que bombardeia os houthis e também das autoridades iemenitas em terra. Essas últimos variam entre os seguidores do presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, e os rebeldes xiitas.

O representante da MSF detalhou que essas autorizações estão sendo soculionadas "aos poucos", mas que além disso surgem outros contratempos, como a situação da segurança e o fato de que muitas companhias aéreas "não querem colocar seus aviões à disposição das organizações internacionais".

O navio do CICV também chegou a Áden de Djibuti com uma equipe médica e material de saúde prontos para realizar "cirurgias de guerra" nos hospitais da cidade, conforme disse à Agência Efe por telefone a porta-voz da organização no Iêmen, Marie Claire Feghali.

"A prioridade agora são as necessidades médicas, já que para água e comida podemos responder por enquanto", acrescentou Feghali, que classificou a situação humanitária no país como "extremamente complicada".

Ambos os responsáveis afirmaram que suas organizações têm mais equipes prontas para serem enviadas ao país, à espera de permissão para a transferência.

Nesta quarta-feira foi atrasada a chegada de um avião do CICV procedente de Amã, que Feghali espera que aterrisse "nas próximas 48 horas".

No último dia 4, o CICV pediu um cessar-fogo humanitário de 24 horas para facilitar a chegada de ajuda humanitária, o que ainda não ocorreu.

Feghali assinalou que sua organização continua em contato com "todas as partes do conflito" para que tenha ocorra a tão aguardada cessação de hostilidades.

"Não podemos parar uma guerra, mas queremos que os civis e a dignidade humana sejam respeitados e que a ajuda humanitária possa continuar chegando", ressaltou a porta-voz do CICV no Iêmen.

Além disso, o porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) para o Iêmen, Erich Orgoso, disse à Agência Efe, de Amã, que sua organização também pediu a todas as partes do conflito que permitam o acesso da ajuda.

Ele também enfatizou que a crise humanitária no país já existia antes do conflito, embora os combates tenham agravado ainda mais a situação.

"Antes desse aumento tínhamos um plano de resgate para o qual precisávamos de US$ 745 milhões. Com a situação atual, as necessidades vão aumentar", ressaltou.

A situação humanitária não é urgente só na cidade de Áden, onde "bairros inteiros estão há vários dias sem água e eletricidade", mas também em várias localidades vizinhas e em todo o país, disse Marco.

Nesta quarta-feira, pelo menos 27 pessoas morreram em bombardeios da aviação da coalizão árabe contra a sede da televisão iemenita na capital, Sana, que está sob controle do movimento dos houthis.

Os feridos são moradores de um edifício de dez andares situado ao lado da sede da emissora de televisão Al Masira, que supostamente era o alvo inicial do ataque, mas que não foi atingido pelos bombardeios. Com essas novas vítimas, o número total de mortos não deixa de subir.

Na terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que pelo menos 549 pessoas morreram e outras 1.707 ficaram feridas desde 19 de março, quando os houthis bombardearam o Palácio Presidencial de Áden, onde estava refugiado Hadi, antes de fugir para Riad.