Mexicanos defendem valor único de seus bordados copiados na França
José Antonio Torres.
Cidade do México, 8 dez (EFE).- Os índios mixes de Santa María Tlahuitoltepec, no estado mexicano de Oaxaca, defendem o "legado cultural intangível" dos bordados de seu huipil (blusa) reproduzidos pela estilista francesa Isabel Marant.
"O bordado tem a ver com uma cosmovisão particular, na medida em que reflete o intangível", explicou à Agência Efe o vice-secretário de Educação e Cultura de Santa Maria Tlahuitoltepec, Fidel Pérez Díaz.
Perante os rumores de que uma empresa francesa possuía a patente legal dos bordados e que isso os obrigaria a pagar direitos autorais de propriedade intelectual por fabricar as blusas que bordam há quase 400 anos, a comunidade indígena de 10 mil habitantes rompeu o silêncio.
Depois que a estilista Isabel incluiu blusas com desenhos mixe em sua coleção, a marca Antik Batik a levou perante os tribunais ao assegurar ter a patente destas estampas.
Durante o julgamento, Isabel reconheceu a origem mixe de seus desenhos e, depois disso, retirou as blusas das araras, onde eram vendidas por cerca de US$ 290 (pouco mais de R$ 1.100), quase dez vezes mais do que o valor que a peça original tem na comunidade.
Segundo Fidel Pérez, o huipil tradicional, que as mulheres locais fazem à mão, é "um bem coletivo" do povo mixe, que deve de ser defendido e protegido.
"Os bordados (pequenas estrelas na frente da blusa e nos punhos) correspondem ao modo e a forma que vivemos, e a nossa relação com a mãe Terra", disse Pérez.
Carmelitana Vázquez, secretária de Educação e Cultura de Santa María Tlahuitoltepec, defendeu o direito da comunidade a vender seus huipiles e a receber os lucros por isso.
"Eles têm que poder vendar as roupas que fabricam e receber por isso, mas não para outra pessoa ou outra empresa", disse ela à Agência Efe.
No começo do ano, a cantora mexicana Susana Harp denunciou o plágio dos desenhos mixes, depois de se deparar com uma blusa praticamente idêntica ao huipil em uma loja dos Estados Unidos.
"Vi a loja e lá dentro o huipil. Minha cara mudou na hora. Fiquei branca", relembrou a cantora, defensora das tradições de Oaxaca, estado onde nasceu.
Em entrevista à Agência Efe, Susana ressaltou a riqueza dos desenhos utilizados pelos indígenas de seu estado e também de Chiapas, no sudeste do país.
"Oaxaca e Chiapas são os lugares mais ricos em bordados no México", disse ela sobre a variedade.
Segundo ela, o plágio de Isabel não é único. No México, há lojas que vendem a roupa com motivos oaxaquenhos sem que isso renda lucros às comunidades de onde provêm os desenhos originais.
A cantora considerou válido os huipiles serem vendidos em grandes lojas do mundo todo, mas ressaltou que o povo indígena deve ter o lucro referente a isso.
Ativistas mexicanos se juntaram em apoio à comunidade de Tlahuitoltepec e escreveram um pedido no site "change.org" (Defiende a comunidad Mixe del plagio) dirigido às autoridades encarregadas de zelar pelos direitos autorais e propriedade intelectual do México.
Os mixes, que habitam a região montanhosa do norte de Oaxaca, conservam em sua vestimenta elementos da época pré-hispânica, além de manter viva a língua nos nomes das peças.
Cidade do México, 8 dez (EFE).- Os índios mixes de Santa María Tlahuitoltepec, no estado mexicano de Oaxaca, defendem o "legado cultural intangível" dos bordados de seu huipil (blusa) reproduzidos pela estilista francesa Isabel Marant.
"O bordado tem a ver com uma cosmovisão particular, na medida em que reflete o intangível", explicou à Agência Efe o vice-secretário de Educação e Cultura de Santa Maria Tlahuitoltepec, Fidel Pérez Díaz.
Perante os rumores de que uma empresa francesa possuía a patente legal dos bordados e que isso os obrigaria a pagar direitos autorais de propriedade intelectual por fabricar as blusas que bordam há quase 400 anos, a comunidade indígena de 10 mil habitantes rompeu o silêncio.
Depois que a estilista Isabel incluiu blusas com desenhos mixe em sua coleção, a marca Antik Batik a levou perante os tribunais ao assegurar ter a patente destas estampas.
Durante o julgamento, Isabel reconheceu a origem mixe de seus desenhos e, depois disso, retirou as blusas das araras, onde eram vendidas por cerca de US$ 290 (pouco mais de R$ 1.100), quase dez vezes mais do que o valor que a peça original tem na comunidade.
Segundo Fidel Pérez, o huipil tradicional, que as mulheres locais fazem à mão, é "um bem coletivo" do povo mixe, que deve de ser defendido e protegido.
"Os bordados (pequenas estrelas na frente da blusa e nos punhos) correspondem ao modo e a forma que vivemos, e a nossa relação com a mãe Terra", disse Pérez.
Carmelitana Vázquez, secretária de Educação e Cultura de Santa María Tlahuitoltepec, defendeu o direito da comunidade a vender seus huipiles e a receber os lucros por isso.
"Eles têm que poder vendar as roupas que fabricam e receber por isso, mas não para outra pessoa ou outra empresa", disse ela à Agência Efe.
No começo do ano, a cantora mexicana Susana Harp denunciou o plágio dos desenhos mixes, depois de se deparar com uma blusa praticamente idêntica ao huipil em uma loja dos Estados Unidos.
"Vi a loja e lá dentro o huipil. Minha cara mudou na hora. Fiquei branca", relembrou a cantora, defensora das tradições de Oaxaca, estado onde nasceu.
Em entrevista à Agência Efe, Susana ressaltou a riqueza dos desenhos utilizados pelos indígenas de seu estado e também de Chiapas, no sudeste do país.
"Oaxaca e Chiapas são os lugares mais ricos em bordados no México", disse ela sobre a variedade.
Segundo ela, o plágio de Isabel não é único. No México, há lojas que vendem a roupa com motivos oaxaquenhos sem que isso renda lucros às comunidades de onde provêm os desenhos originais.
A cantora considerou válido os huipiles serem vendidos em grandes lojas do mundo todo, mas ressaltou que o povo indígena deve ter o lucro referente a isso.
Ativistas mexicanos se juntaram em apoio à comunidade de Tlahuitoltepec e escreveram um pedido no site "change.org" (Defiende a comunidad Mixe del plagio) dirigido às autoridades encarregadas de zelar pelos direitos autorais e propriedade intelectual do México.
Os mixes, que habitam a região montanhosa do norte de Oaxaca, conservam em sua vestimenta elementos da época pré-hispânica, além de manter viva a língua nos nomes das peças.
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