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Donos de lojas de armas dos EUA se unem após ataque; vendas disparam

Loja de armas em Atlanta, na Geórgia - Erik S. Lesser/EFE
Loja de armas em Atlanta, na Geórgia Imagem: Erik S. Lesser/EFE

Emilio J. López

Em Miami

16/06/2016 14h33

Os proprietários de lojas de armas dos Estados Unidos condenaram sem reservas o massacre de Orlando, mas se mantêm firme na defesa do direito ao uso de armas de fogo, curtas e longas, enquanto a venda das mesmas disparou nos EUA após o massacre de Orlando no domingo.

O debate político e social sobre as armas foi reaberto neste país com mais virulência do que nunca: de um lado, aqueles que, com o presidente Barack Obama à frente, combatem pela limitação do uso de armas, e por outro, os que se opõem a qualquer modificação de regulação atual.

Mas profissionais do setor como Robert Ruth, proprietário da loja de armas Bob's Pratical Solutions, de Lake Worth, ao norte de Miami, temem que o cerco ao uso de armas empreendido por Obama surte um breve efeito.

"Definitivamente isto vai mudar muito com o próximo presidente, principalmente se Hillary Clinton governar porque ela é também contrária às armas". "Que vai acontecer algo é certeza", afirmou Ruth à Agência Efe.

E apesar de qualificar de "atentado absolutamente horrendo" o massacre perpetrado em uma boate gay de Orlando na madrugada de domingo, que acabou com a vida de 49 pessoas, além da do autor do tiroteio, Ruth disse que o ponto de mira das autoridades não deve se situar sobre as lojas e fabricantes de armas.

Segundo Ruth, o que é preciso comprovar a fundo os antecedentes dos potenciais compradores; mas apesar disso, a posse de armas de fogo é um direito constitucional e não deve ser proibida, acrescentou.

Nem sequer, disse, o acesso ao rifle como o AR-15, uma arma própria de guerra que Omar Seddique Mateen utilizou para acabar com a vida de 49 pessoas e ferir mais de 50 na boate gay Pulse.

Trata-se de uma arma popular entre os amadores e "há muita gente que a utiliza para caçar ou praticar tiro (...) Gente que tem acesso a ela legalmente e não é mentalmente perturbada" como Mateen, apontou Ruth, que reconheceu que, desde o atentado jihadista de Orlando, as vendas de armas aumentaram.

"Foi notado um incrível aumento da venda de armas na loja!", exclamou, em armas de todos os tipos, desde pistolas a fuzis.

Nos Estados Unidos, uma em cada três famílias possui uma arma de fogo, e em 2015 chegou-se ao recorde de 23,1 milhões de armas vendidas, mais do que o dobro de 10 anos atrás.

E na Flórida, embora seu porte seja proibido em colégios, delegacias, universidades, tribunais, bares e clubes onde é servido álcool, há registrados de 1,6 milhão de pessoas com licença para portar armas.

A realidade é que as armas são um grande negócio, cada vez com mais gente correndo para se armar após os tiroteios maciços e perante o temor de que aumente a regulação do controle de armas.

Tanto Ruth como José Zamlut, proprietário da loja Custom Damascus Knives, em Miami, expressaram assombro pelo fato de que Mateen tinha acesso às armas, apesar de ter sido investigado previamente pelo FBI por seu radicalismo islamita.

"Por que Mateen não estava em uma lista de pessoas sob vigilância? Por que não a polícia da Flórida não foi notificada sobre isso?", questionou Ruth. "Se havia informações de que (Mateen) era um perigo potencial e suspeito do FBI, por que não fizeram nada?".

Também para Zamlut as leis de controle de acesso às armas nos Estados Unidos são "estritas" e "suficientes", com revisões contínuas de antecedentes e de licenças para portar armas de fogo.

Igualmente, ambos profissionais se mostraram contrários à proibição do acesso dos cidadãos a rifles como o AR-15, o mais popular nos Estados Unidos, segundo recolhe em seu site a Associação Nacional da Rifles (NRA), cujo poderoso lobby influencia no Congresso com generosas doações aos legisladores.

Mas nem todos os amadores de armas defendem o livre acesso a fuzis como o AR-15. O texano Gavin Hinze escreveu no blog da NRA que "dispara desde que era uma criança e não lembra de ter visto nunca as com rifles" como este.

"Não posso entender a necessidade de fuzis como o AR-15 em nosso país. É um rifle projetado para matar gente em massa e sua venda deveria ser proibida. Não podemos estar de acordo de que seja necessário um fuzil para caçar ou proteger sua casa?", escreveu Hinze.

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