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UOL TAB #65: Dá para dominar lógica da programação com papel e fita crepe

Fita crepe cria o "cenário" em escola municipal de São José dos Campos (SP); coordenadas dos alunos permitem que colega transporte objeto dentro da estrutura  - Divulgação/Fundação Lemann
Fita crepe cria o 'cenário' em escola municipal de São José dos Campos (SP); coordenadas dos alunos permitem que colega transporte objeto dentro da estrutura Imagem: Divulgação/Fundação Lemann

Juliana Carpanez

Do UOL TAB

23/03/2016 16h34

Saber programação não é mais coisa de nerd: o TAB #65 mostra como o aprendizado de códigos vem ganhando espaço e transformando a forma como lidamos com a tecnologia. Há diversas ferramentas disponíveis para quem deseja aprender e existem até exercícios offline, que dispensam o uso da internet e do computador. Sim: é possível conhecer mais sobre a lógica da programação mesmo longe de equipamentos tecnológicos.

Esse conceito é colocado em prática pelo Programaê!, movimento que disponibiliza ferramentas gratuitas para o aprendizado da programação – seja dentro ou fora das escolas. “É preciso encarar o computador como sendo muito burro e aprender a falar com ele de maneira superdidática, para que ele entenda. A forma como você dá as instruções é a lógica da programação”, resume Lucas Rocha, coordenador de projetos da Fundação Lemann.

No ano passado, em parceria com secretarias municipais de educação, a fundação levou seu Programaê! a 3.000 alunos de escolas públicas. Nesse mesmo período, 4 milhões de internautas utilizaram no Brasil as plataformas de programação disponibilizadas pelo movimento. As aulas offline são voltadas a  escolas e dependem de recursos nada tecnológicos, como papel quadriculado, caneta, tesoura e fita crepe – a inspiração é o livro “Computer Science Unplugged” (“Ensinando Ciência da Computação Sem o Uso do Computador”, disponível grátis para download).

Alunos e professores explicam a importância de saber programar

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Como faz?
Na prática, os alunos do Programaê! montam um labirinto com as mesas e dão instruções para um colega sair daquele espaço. Coordenadas parecidas (frente, trás, 90º à esquerda) podem determinar como um estudante transportará determinado objeto dentro de uma estrutura montada com fita crepe. Ou alguém cria um sanduíche obedecendo às ordens dos demais (pense que, sem as especificações corretas, “corte o pão” pode resultar num equivocado corte vertical).

Usando um papel quadriculado com algumas áreas pintadas, é possível visualizar o conceito de algoritmo (conjunto de instruções para pintar: um passo para frente, preencher, um passo para a frente, próxima linha, voltar, preencher). Os algoritmos também determinam o passo a passo para dobrar um avião de papel e ensinar alguém a trocar uma lâmpada.

Na aula que parece estar entre as mais divertidas, usa-se o refrão das músicas para ensinar o conceito das funções – parte do código que pode ser usada (ou chamada) repetidas vezes. Esse aprendizado servirá depois para as aulas no computador.

“O objetivo não é chegar ao final do programa e termos muito mais programadores no Brasil. Queremos que as pessoas compreendam a tecnologia como uma forma de criarem. Elas não precisam ser apenas consumidoras, podem moldar esses recursos para atender às suas necessidades”, explica Rocha. 

A estudante Giovanna Costa, 14, entendeu como fazer isso. Ao TAB, ela contou como criou o aplicativo Miastenia Grave, com informações sobre essa doença que causa fraqueza dos músculos do corpo. "Meu pai estava mal por causa da miastenia. E, como é uma doença rara e algumas pessoas não têm como ir ao médico, pensei que poderia ajudar", explica a jovem, que em 2012 fez um curso de programação.

E você, já deu os primeiros passos? Se dá para começar a aprender até offline, talvez não haja mais desculpas.