Topo

Ucrânia acusa Rússia de "ato de agressão" após ataques de separatistas

Em Kiev

12/04/2014 14h51Atualizada em 12/04/2014 20h36

A Ucrânia considerou os ataques de separatistas pró-Rússia no leste do país neste sábado (12) como um "ato de agressão da Rússia", disse o ministro do Interior, Arsen Avakov.

"Unidades dos ministérios do Interior e da Defesa estão implementando um plano de resposta operacional", disse em comunicado publicado em sua página do Facebook.

Militantes pró-russos fincaram suas bandeiras em prédios oficiais em duas cidades do leste da Ucrânia neste sábado, ampliando o impasse com Moscou, enquanto Kiev alertou que a crise está levando a Europa para uma "guerra do gás" que poderá interromper o fornecimento no continente.

Ao menos 20 homens armados com pistolas e rifles ocuparam a delegacia de polícia e os prédios dos serviços de segurança em Slaviansk, a cerca de 150 km da fronteira com a Rússia.

Autoridades disseram que os homens apreenderam centenas de pistolas dos arsenais dos edifícios. Os militantes substituíram a bandeira ucraniana de um dos prédios pela bandeira vermelha, branca e azul da Rússia.

Alguns moradores ajudaram os militantes a construir barricadas com pneus, esperando que a polícia tentará forçar a retirada deles, presenciou um repórter da Reuters. Mas não estava claro como as autoridades retirariam os militantes depois que o chefe da polícia da região anunciou ter deixado o cargo.

Kostyantyn Pozhydayev saiu do prédio para falar com os manifestantes pró-Rússia na capital regional, Donetsk, e disse que estava renunciado "de acordo com suas demandas". Alguns de seus funcionários deixaram o edifício.

Os manifestantes estavam ocupando o primeiro andar dos prédios da polícia de Donetsk e a bandeira preta e laranja adotada por separatistas pró-russos foi colocada no topo do edifício, substituindo a bandeira ucraniana, disse um repórter da Reuters.

As ocupações são importantes porque se os manifestantes forem mortos ou feridos por forças ucranianas, isso pode levar o Kremlin a intervir para proteger a população russa local, um cenário já visto na Crimeia.

Moscou nega qualquer plano de enviar tropas para dividir a Ucrânia, mas autoridades de Kiev acreditam que a Rússia está tentando criar um precedente para intervir novamente. A Otan disse que as forças russas estão mobilizadas na fronteira com a Ucrânia, mas Moscou afirma se tratar de manobras rotineiras.

O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Deshchytsia, disse ter conversado por telefone com o chanceler russo, Sergei Lavrov, e pediu que Moscou interrompa o que chamou de "ações de provocação" por seus agentes no leste da Ucrânia.

A Rússia e a Ucrânia têm se confrontado desde que protestos em Kiev forçaram o presidente pró-Rússia a deixar o cargo, e o Kremlin enviou tropas para a Crimeia.

Alerta da Rússia

A Rússia alertou os Estados Unidos neste sábado que qualquer ação armada por parte das autoridades ucranianas no leste da Ucrânia frustraria esforços por uma solução diplomática para o conflito e colocaria em risco negociações de paz.

O Ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, fez o alerta por telefonema ao Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que mostrou preocupação com o fato da Rússia estar "incitando" conflitos no leste da Ucrânia, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado.

Separatistas pró-Rússia têm ocupado prédios oficiais em cidades do leste da Ucrânia nos últimos dias.

Lavrov disse que a Ucrânia está "demonstrando sua falta de capacidade de se responsabilizar pelo futuro do país".

Ele afirmou ainda que qualquer uso de força contra os separatistas russos no leste ucraniano irá "minar o potencial de cooperação... incluindo as negociações pela paz entre as quatro partes em Genebra" em 17 de abril entre Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e União Europeia.