Moscou diz que sanções "míopes" vão agravar as relações entre Rússia e EUA
A Rússia chamou, nesta quarta-feira (30), as novas sanções dos Estados Unidos de "destrutivas e míopes", afirmando que serviriam apenas para agravar os laços entre a Rússia e os EUA, que devido à crise ucraniana já se encontram em seu pior estado desde a Guerra Fria.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores russo apontou que as decisões podem criar um ambiente desfavorável para as relações internacionais.
"Tais decisões podem criar um ambiente extremamente desfavorável nas relações internacionais, em que a cooperação entre nossos Estados desempenha com frequência um papel decisivo".
A nota termina dizendo que "as perdas de fato provenientes dessa política destrutiva e míope serão em grande medida tangíveis para Washington".
Reflexos
O Ministério também afirmou que as sanções impostas pela UE (União Europeia) ao país por conta da crise na Ucrânia vão, "inevitavelmente", levar a preços mais altos da energia na Europa.
"Ao partir para uma sequência de sanções, Bruxelas, por sua própria vontade, está criando barreiras para uma maior cooperação com a Rússia em uma esfera tão importante quanto à da energia. Isso é uma medida impensada e irresponsável. Vai inevitavelmente levar a um aumento dos preços no mercado europeu", disse o ministério em comunicado.
Nesta quarta, a Rússia também anunciou um embargo à maioria das importações de frutas e vegetais da Polônia e disse que pode estender as restrições ao resto da União Europeia, em sua primeira aparente retaliação pelas sanções do Ocidente impostas no dia anterior por conta da crise na Ucrânia.
Moscou, que compra mais de 2 bilhões de euros de frutas e vegetais da UE por ano, maior mercado de exportação desse tipo de produtos, disse que a proibição se dá por motivos sanitários.
Produtores poloneses de frutas disseram que a proibição era política, embora a Rússia tenha negado isso. Os russos foram frequentemente acusados, no passado, de utilizar inspeções sanitárias para restringir o comércio de países com os quais tem disputas políticas. A UE (União Europeia) disse estar estudando o anúncio, o qual foi descrito como uma surpresa.
Sanções
A proibição acontece um dia após a UE e os Estados Unidos terem imposto suas primeiras sanções, buscando atingir setores amplos da economia russa, restringindo vendas de equipamentos para os setores de petróleo e defesa e limitando o acesso de bancos estatais a mercados de capitais ocidentais.
Moscou nega as acusações ocidentais de que tenha fornecido armas e apoiado rebeldes que combatem forças da Ucrânia no leste do país.
A pressão por sanções contra os russos aumentou dramaticamente após 17 de julho, quando um avião da Malásia foi abatido em território rebelde com a utilização, segundo Washington e Bruxelas acreditam, de um míssil fornecido pela Rússia.
De acordo com dados da Comissão Europeia, a UE vendeu à Rússia 1,2 bilhão de euros em frutas e 886 milhões de euros em vegetais em 2011, representando 28% das exportações de frutas do bloco e 21,5 por cento de vegetais. Para alguns países da UE, incluindo a Polônia, esses percentuais são ainda maiores.
Ao impor ações como essa - primeiramente contra a Polônia, que foi parte do bloco soviético há pouco mais de apenas duas décadas -, Moscou atinge um dos mais fervorosos apoiadores de maiores sanções contra a Rússia pelo apoio a rebeldes na Ucrânia.
“Nossas restrições não estão ligadas às sanções da UE, porque esta situação [das importações da Polônia] tem se desenvolvido há um bom tempo”, disse o porta-voz da agência de inspeção sanitária russa, Alexei Alekseenko. As restrições começam a partir de sexta-feira (1º de agosto) .
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