Palestinos comemoram início de cessar-fogo na Faixa de Gaza
Por Nidal al-Mughrabi e Jeffrey Heller
GAZA/JERUSALÉM (Reuters) - Um acordo de cessar-fogo entre Israel e os palestinos com o objetivo de encerrar o conflito de sete semanas na Faixa de Gaza entrou em vigor nesta terça-feira, levando os palestinos às ruas do devastado enclave para comemorar.
Não houve um vencedor claro do que havia se tornado uma guerra de atrito entre as Forças Armadas mais poderosas do Oriente Médio e o movimento militante Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Israel disse que desferiu um forte golpe para o Hamas, matando vários dos seus líderes militares e destruindo túneis de infiltração transfronteiriça do grupo.
Mas Israel também enfrentou os lançamentos persistentes de foguetes durante quase dois meses que causaram um êxodo de algumas comunidades fronteiriças e se tornaram parte da vida cotidiana em seu centro comercial.
Minutos antes do início da trégua mediada pelo Egito, às 13h (horário de Brasília), um foguete disparado por militantes palestinos matou uma pessoa em uma comunidade agrária israelense próxima da fronteira com Gaza, informou a polícia.
Autoridades palestinas e egípcias disseram que o acordo pede uma interrupção por tempo indeterminado das hostilidades, a abertura imediata das fronteiras de Gaza com Israel e Egito e uma ampliação da zona de pesca do território no Mediterrâneo. [L1N0QW1Y4]
Uma autoridade de alto escalão do grupo islâmico Hamas expressou disposição de as forças de segurança do presidente palestino, Mahmoud Abbas, e do governo de unidade que ele formou, em junho, controlarem as passagens fronteiriças.
Em uma segunda etapa da trégua que começaria um mês mais tarde, Israel e os palestinos devem discutir a construção de um porto em Gaza e a libertação de prisioneiros do Hamas na Cisjordânia, possivelmente em troca dos restos mortais de dois soldados israelenses supostamente mantidos pelo Hamas, disseram autoridades.
COMEMORAÇÕES NAS RUAS
Após o início do cessar-fogo, multidões e carros tomaram as ruas de Gaza. Os motoristas apertavam as buzinas, e cânticos de louvor a Deus emanavam dos alto-falantes das mesquitas. Tiros de comemoração mataram um palestino e feriram outros 19, de acordo com autoridades hospitalares.
"Hoje declaramos a vitória da resistência, declaramos a vitória de Gaza”, afirmou o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri.
Um comunicado divulgado por um porta-voz do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel aceitou a proposta egípcia de um “cessar-fogo em aberto” e que irá comparecer às conversas no Cairo a respeito do futuro de Gaza somente se houver "o fim definitivo dos ataques terroristas" oriundos do território palestino.
O conflito fez profundos estragos na Faixa de Gaza. Autoridades de saúde palestinas dizem que 2.139 pessoas, a maioria civis, incluindo mais de 490 crianças, foram mortos desde 8 de julho, início da campanha israelense com o objetivo declarado de conter os lançamentos de foguetes.
O Centro Palestino de Direitos Humanos afirmou que 540 mil pessoas foram deslocadas em seu território.
Do lado israelense, 64 soldados israelenses e cinco civis em Israel morreram.
(Reportagem adicional de Ori Lewis e Allyn Fisher-Ilan, em Jerusalém)
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