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Em posse, novo secretário de Saúde de SP critica governo federal

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o médico infectologista David Uip, após sua posse como novo secretário de Estado da Saúde de São Paulo, em cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo (SP), na manhã desta quinta-feira (5) - Alex Falcão/Futura Press/Estadão Conteúdo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o médico infectologista David Uip, após sua posse como novo secretário de Estado da Saúde de São Paulo, em cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo (SP), na manhã desta quinta-feira (5) Imagem: Alex Falcão/Futura Press/Estadão Conteúdo

05/09/2013 15h24

Em uma cerimônia concorrida, o médico infectologista David Uip tomou posse, nesta quinta-feira (5), na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo com críticas à falta de recursos do governo federal à área.

Uip disse que o SUS (Sistema Único de Saúde) em São Paulo é um exemplo para todo o Brasil, afirmou que o Estado investe mais do que o exigido pela legislação e reclamou que a União é a responsável pelo "aniquilamento" das Santas Casas e hospitais filantrópicos paulistas, por conta do subfinanciamento.

Segundo, ainda, Uip, o Mais Médicos, bandeira do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), não irá resolver os problemas da área, mas afirmou torcer pelo sucesso do programa federal.

Mais recursos

Ao falar de suas primeiras medidas à frente da Pasta, o novo secretário afirmou que vai procurar o ministro da Saúde e, se for preciso, a presidente Dilma Rousseff para negociar o aumento do repasse de recursos para as Santas Casas e hospitais filantrópicos.

Uip afirmou que São Paulo investe em saúde mais do que o exigido na Emenda 29, "como atesta o próprio Ministério da Saúde em seus balanços". "Infelizmente, não temos essa mesma disposição por parte do governo federal, que vetou a aplicação de pelo menos 10% da receita corrente bruta na área da saúde, deixa de enviar anualmente R$ 1 bilhão para o SUS de São Paulo, referente aos atendimentos realizados nos hospitais públicos e mantém a tabela de pagamentos do Ministério da Saúde congelada há anos, aniquilando assim as Santas Casas e hospitais filantrópicos", disse. Segundo o secretário, quanto mais esses hospitais atendem o SUS, "mais se endividam".

À imprensa, Uip deu exemplos: um parto custa R$ 900 para a Santa Casa, mas o ministério repassa R$ 433; uma diária na UTI custa R$ 1 mil, mas o governo federal financia R$ 478.

O secretário afirmou que no dia 4 de julho a secretaria protocolou junto ao gabinete do ministro da Saúde a necessidade de aporte de R$ 2,7 bilhões para custeio e investimentos.

"Se a destinação de recursos financeiros para o financiamento da saúde pública seguisse proporcionalmente a arrecadação tributária de cada esfera de governo, a União deveria responder por 60% do total. Infelizmente, participa hoje com somente 43% e no Estado de São Paulo com apenas 30%", disse. "O que o Brasil precisa hoje é de mais recursos, além de médicos e profissionais qualificados, bem remunerados para atender de forma digna à população".

Eleições 2014

Com a missão de dar visibilidade às ações do governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), com vistas a 2014, Uip afirmou também que irá às ruas para ouvir a população e anunciou a visita a cinco hospitais estaduais: São Mateus, Ferraz de Vasconcelos, Mandaqui, Taipas e Bauru.

Centenas de pessoas lotaram um auditório do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para prestigiar a posse de Uip, que assumiu no lugar do médico Giovanni Guido Cerri. Estavam presentes 15 secretários estaduais, dezenas de parlamentares, prefeitos e secretários municipais, professores universitários e dirigentes de entidades de classe.

Ao lado de Alckmin, o médico lembrou de sua trajetória dentro do SUS e disse que tomava posse como um médico inconformado com os problemas de políticas públicas do Brasil.