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China teme colapso da "monarquia comunista" da Coreia do Norte

20/12/2011 06h00

A morte de Kim Jong-il traz de novo ao noticiário os absurdos e a rudeza da sinistra ditadura norte-coreana, regime comunista que segue um processo sucessório semelhante ao regime monárquico. Kim Jong-un, - filho de Kim Jong-il e neto do fundador do regime Kim Sung-il – será o próximo ditador de um país meio flagelado que assusta meio mundo. E a China pode ter papel fundamental na pacificação da região.

Segundo os especialistas, na crise alimentar que devastou a Coreia do Norte entre 1995 e 1998, morreram perto de 600 mil, ou seja, 4 % dos habitantes. Com sua indústria estagnada e uma agricultura deficiente, o país depende até hoje da ajuda alimentar internacional para diminuir a penúria em que vive sua população.

Ainda assim, a Coreia do Norte constitui uma verdadeira ameaça para todo o Extremo Oriente, possuindo plutônio suficiente para construir seis ou sete bombas atômicas e contando ainda com cerca de 1.000 mísseis, incluindo alguns com alcance de 2900 km.

Conforme escreve o jornal britânico "The Telegraph", o governo norte coreano tem ainda entre 2.500 e 5.000 toneladas de armas químicas. A revista “Economist” classificou a Coreia do Norte como a “única monarquia comunista do mundo”. Na realidade, o poder é exercido pelo Exército norte-coreano que conta com 1,2 milhão de militares, representando um soldado em cada 25 habitantes.

Tais circunstâncias explicam a inquietação com que o resto do mundo acompanha a subida ao poder do balofo Kim Jong-un após a morte de seu pai. À exceção das suas relações com a China, a Coreia do Norte sente-se ameaçada pelo mundo inteiro. Colônia japonesa entre 1905 e 1945, a Coreia do Norte (que na época estava ligada à Coreia do Sul) é particularmente hostil ao Japão e à Coreia do Sul, considerada como lacaia dos japoneses e dos ocidentais.

Depois de vários períodos de tensão, um acordo de desnuclerização do país foi assinado em 2007, no âmbito do Grupo dos Seis, formado pelas duas Coreias, China, Estados Unidos, Japão e Rússia. A doença de Kim Jong-il perturbou o andamento do acordo, mas uma nova reunião do grupo deverá ser realizada no final do mês de dezembro.

Grande parte da solução do problema norte-coreano e da pacificação da região repousa nas mãos da China. Segundo a imprensa britânica, Pequim impôs nos últimos anos mais moderação a Kim Jong-ill, restringindo sua ajuda alimentar, energética e militar aos norte-coreanos.

Embora se sirva do regime norte-coreano como um escudo contra a Coreia do Sul, o Japão e as forças militares americanas estacionadas na região, a China teme o colapso da “monarquia comunista”. De fato, dividindo 1.400 km de fronteira com a Coreia do Norte, a China sabe que o desabamento do regime dos Kim poderá provocar um êxodo de milhões de norte-coreanos para as terras chinesas. 

Como escreve a “Economist”, “a China pode estar tão preocupada com a Coreia do Norte quanto os Estados Unidos”.