Trump leva ameaça da segunda Guerra Fria a novo patamar
Já há algum tempo, pelo menos desde 2008, começou-se a escrever sobre o início de uma segunda Guerra Fria entre os Estados Unidos e a Rússia. Agora, com as últimas peripécias de Donald Trump e seus ministros suspeitos de russofilia, o tema das relações russo-americanas tomou outras proporções.
A primeira Guerra Fria, caracterizada pelo "equilíbrio do terror" que travava uma guerra nuclear entre as duas superpotências, durou de 1947 a 1991, ano do fim da União Soviética (URSS).
Dividiu o mundo inteiro entre partidários dos EUA e da URSS, exacerbando guerras coloniais e conflitos regionais com armamento clássico. Houve, porém, momentos, como na Crise dos Mísseis em Cuba (1962), em que o mundo esteve à beira de uma guerra nuclear entre a URSS e os EUA.
A atual Guerra Fria é mais circunscrita ao conflito entre a Rússia e os Estados Unidos, visto que o número de aliados incondicionais de cada uma das duas potências diminuiu bastante. De um lado, a China, aliada militar e ideológica da URSS, está agora distante da Rússia. De outro lado, a maioria dos países da Europa Ocidental e, em particular, a França e a Alemanha, têm menos vínculos com a política americana.
Nos anos 1990 a desproporção de forças entre a Rússia e os Estados Unidos era tão grande que se falava da “hiperpotência americana” marcada pela ampla supremacia militar, econômica e ideológica dos americanos.
Contudo, Washington e Moscou continuaram com o dedo no gatilho, registrando-se ocasiões em que um conflito nuclear poderia ter eclodido inadvertidamente, por falhas de equipamentos ou da cadeia de comando.
Num contexto em que a Rússia está de novo se posicionando para ser uma superpotência, as ameaças de uma segunda Guerra Fria suscitam preocupações.
Sucede que a tensão entre Moscou e Washington, depois de uma acalmia durante as Presidências de Obama, se transformou num tema central da política interna americana, onde os democratas atacam Trump por causa de sua complacência com Putin.
A revista "New Yorker" trata extensivamente do assunto numa reportagem de capa da semana passada intitulada, “Trump, Putin e a nova Guerra Fria”. Glenn Greenwald comentou a reportagem, notando que a polarização de um conflito com Moscou dispensa os democratas de uma autocrítica sobre os erros que levaram à eleição de Trump, considerado por Paul Krugman como o presidente mais desonesto da história americana.
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