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12 meses

PF prende ex-ajudante de Bolsonaro e faz buscas na casa do ex-presidente

Caíque Alencar, Gustavo Freitas, Carla Araújo e Aguirre Talento

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

03/05/2023 07h08Atualizada em 03/05/2023 13h26

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo da Polícia Federal em operação que prendeu hoje o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O que aconteceu?

A prisão do coronel foi durante operação da PF que mira a inclusão de dados falsos sobre vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. A corporação cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva.

O PM Max Guilherme Machado de Moura, Sérgio Rocha Cordeiro e o secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha também foram presos. Entre os detidos ainda estão o sargento Luís Marcos dos Reis e o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros.

Os agentes da PF também foram à casa de Bolsonaro, em Brasília, para cumprimento de mandados de busca e apreensão, segundo apurou o UOL. Ele foi intimado para prestar depoimento.

O celular do ex-presidente foi apreendido. Segundo Bolsonaro, seu aparelho não possui senha.

O coronel do Exército Marcelo Costa Câmara e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB) também foram alvos de mandado de busca. Por meio de nota, o parlamentar disse que colabora com a PF e ainda toma conhecimento dos detalhes das investigações.

As inserções de dados falsos sobre as vacinas teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, segundo a PF. O período contempla a gestão de Marcelo Queiroga à frente do Ministério da Saúde.

A PF suspeita que os dados dos certificados de vacinação foram adulterados para permitir a entrada nos Estados Unidos, no fim do ano passado. Bolsonaro viajou ao país em dezembro, dois dias antes da posse de Lula.

A casa de Bolsonaro alvo da PF fica em um bairro nobre de Brasília, está localizada a pouco mais de 10 quilômetros do Palácio do Planalto e tem piscina. A residência fica em um condomínio chamado Solar Brasília.

Ação da PF ocorre no inquérito das milícias digitais

Segundo a PF, a apuração indica que o objetivo das falsificações seria "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas", além de "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19".

Os fatos investigados configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores, disse a corporação.

A ação da PF recebeu o nome de Operação Venire, que veio da expressão "Venire contra factum proprium" (Vir contra seus próprios atos). A PF afirmou que esse um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.

Repercussão

Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, defendeu Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais após agentes da Polícia Federal cumprirem um mandado de busca na casa do ex-presidente.

"Bolsonaro é uma pessoa correta, íntegra, que melhorou o país e procurava sempre seguir a Lei. Confiamos que todas as dúvidas da Justiça serão esclarecidas e que ficará provado que Bolsonaro não cometeu ilegalidades", escreveu Valdemar.

O atual presidente, Lula (PT), não fez qualquer citação sobre a operação da PF. O petista utilizou seu perfil oficial no Twitter para desejar bom dia e uma ótima quarta-feira.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que dizia versão anterior desse texto, não foi confirmada a adulteração dos certificados de vacinação. A PF suspeita da falsificação. Marcelo Costa Câmara foi alvo de mandado de busca, e não de prisão.