Cid responde às perguntas da PF e confirma plano golpista de Bolsonaro
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, respondeu a todas as perguntas da Polícia Federal em um depoimento de nove horas de duração prestado nesta segunda-feira.
Cid, que tem um acordo de delação premiada assinado no ano passado com a PF, manteve a postura de colaborar com as investigações e ratificou à PF o teor de seus depoimentos anteriores, que envolvem o ex-presidente em um plano de golpe articulado após a derrota nas eleições para tentar impedir a posse do presidente Lula.
De acordo com fontes que acompanham a investigação, Cid apresentou novos esclarecimentos em relação às lacunas apontadas pela PF em seus depoimentos anteriores, dando mais detalhes sobre o envolvimento de militares nesses planos golpistas.
Com isso, seu acordo de colaboração permanece válido. Os benefícios só serão definidos ao final das investigações, depois que a PF avaliar qual foi a eficácia das informações prestadas por Cid para o avanço das investigações.
O teor do interrogatório está sob sigilo. O tenente-coronel chegou à sede da PF em Brasília ontem por volta das 15h. O depoimento durou até pouco mais da meia-noite.
Minuta golpista
No capítulo de sua delação que aborda o plano de golpe, revelado pelo UOL em setembro, Mauro Cid contou à PF que o ex-assessor Filipe Martins apresentou a Bolsonaro, em novembro de 2022, uma minuta de um decreto golpista com o objetivo de convocar novas eleições e prender adversários.
De acordo com o relato de Cid, Bolsonaro pediu alterações no texto e submeteu a minuta aos comandantes das Forças Armadas em uma reunião ainda no fim de 2022.
Os então chefes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, manifestaram-se contra o plano de golpe. Com isso, a iniciativa não foi adiante. Os dois confirmaram em depoimento à PF as tratativas golpistas de Bolsonaro.
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