Josmar Jozino

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'Gerente' de Marcola, condenado a 100 anos, quer ir para o semiaberto em SP

André Luiz de Souza, 51, o Amin, integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), é condenado a 100 anos, 4 meses e 22 dias pelos crimes de homicídios, roubos, tráfico de drogas, furto, receptação, motim e falsificação de documentos.

Mesmo com a longa condenação, o detento, apontado pelas autoridades como "gerente" de Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, líder máximo do PCC, trava batalhas na Justiça para conseguir o benefício da progressão ao regime semiaberto.

O último pedido foi negado no dia 24 de setembro deste ano pelo juiz Hélio Narvaez, do Deecrim-1 (Departamento Estadual de Execução Criminal da 1ª Região). Na avaliação do magistrado, o "prisioneiro ainda não está apto para deixar o regime fechado e cumprir pena no semiaberto".

O juiz se baseou no resultado do exame criminológico ao qual o preso foi submetido pela CTC (Comissão Técnica de Classificação), da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, que "emitiu parecer desfavorável à progressão pretendida".

Para a defesa do preso, o laudo "é contraditório e tendencioso" e foi realizado "sem a necessária avaliação de um psiquiatra". De acordo com o advogado do preso, na P-2 de Venceslau, os detentos não são contemplados com a Lei de Execução Penal e tudo é feito para alcançarem a pena de morte ou prisão perpétua".

Ainda segundo a defesa do prisioneiro, o sistema penal na P-2 de Venceslau é de fazer inveja à inquisição espanhola e até mesmo para a Gestapo (a polícia secreta oficial da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial).

A defesa diz ainda que a equipe técnica da P-2 de Presidente Venceslau produz laudos viciados, no sistema copia e cola, sem nenhum critério ou base exigida para uma perícia legítima, honesta, a qual o preso tem direito assegurado pela Constituição Federal ou pela Lei de Execução Penal.

"Gerente" desde 2019

Investigações da Polícia Federal e do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) apontam que Amin passou a gerenciar os negócios de Marcola e do irmão Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 53, o Marcolinha, assim que ambos foram transferidos para presídios federais, em fevereiro de 2019.

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Relatórios da PF e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP afirmam que Amin "é uma importante voz de colaborador na cadeia de comando do PCC e homem de confiança dos irmãos Camacho.

Um inquérito da PF contém trechos de um bilhete atribuído a Amin, no qual o preso "descreve a forte amizade que mantém com Marcolinha e o enorme respeito a Marcola, relatando ainda as prestações de contas das atividades criminosas do PCC com seus interessados e destinatários".

A PF menciona ainda que Amin e Marcolinha foram denunciados na Operação Quinta Roda, em 2015, por tráfico internacional de drogas. Só por esse crime, o gerente dos irmãos Camacho foi condenado a 29 anos e dois meses em regime fechado. As autoridades carcerárias informam que a pena total dele vence em 30 de novembro de 2092.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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