Josmar Jozino

Josmar Jozino

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Consórcio PCC-CV matou Gritzbach e montou rádio em SP para lavar dinheiro

Investigações da Polícia Civil de São Paulo apontam que Emílio Carlos Gongorra Castilho, 44, o Bill ou Cigarreiro, acusado de mandar matar Vinícius Gritzbach, 38, montou a rádio Street FM na avenida Paulista para lavar dinheiro do tráfico de drogas das duas maiores facções criminosas do país.

A Street FM tinha concessão para operar no dial na frequência 103.7 FM e funcionou até o dia 19 de novembro de 2024, quando passou para operação exclusiva online. Atualmente a estação está fora do ar.

Gritzbach foi assassinado no aeroporto internacional de Guarulhos em 8 de novembro do ano passado —três policiais militares suspeitos de participar diretamente na execução do crime estão presos. Ele investiu R$ 4 milhões em criptomoedas de Cigarreiro, mas sumiu com o dinheiro.

Segundo o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pelo inquérito que apura a morte de Gritzbach, Cigarreiro é ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo, e ao CV (Comando Vermelho), no Rio de Janeiro.

O DHPP descobriu a ligação dele com a Rádio Street ao cumprir mandados de busca em endereços relacionados ao narcotraficante, um deles na avenida Paulista, 1.776. Ele teve a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça e está foragido.

O criminoso gerenciava a rádio Street no 12º andar do Condomínio Edifício Parque Avenida. A reportagem apurou que Cigarreiro esteve na emissora em 13 de julho, 30 de agosto e também nos dias 5 e 9 de setembro do ano passado.

O comparsa dele, Kauê do Amaral Coelho, 29, apareceu na rádio em 12 de abril, 20 de junho e em 4 e 7 de julho de 2024. Ele é o olheiro do PCC que estava no aeroporto no dia do assassinato de Gritzbach e avisou aos atiradores o exato momento em que a vítima deixava o saguão do terminal 2.

Registro de visita de Kauê Amaral Coelho na rádio Street FM. Kauê é suspeito de atuar como olheiro no assassinato de Vinícius Gritzbach
Registro de visita de Kauê Amaral Coelho na rádio Street FM. Kauê é suspeito de atuar como olheiro no assassinato de Vinícius Gritzbach Imagem: Reprodução

Agentes do DHPP apuraram ainda que Cigarreiro e Kauê compraram ao menos quatro aparelhos de TV de 85 polegadas para a Rádio Street. O olheiro também teve a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça e é procurado.

Continua após a publicidade

A Polícia Civil já sabe que a Rádio Street começou a operar no Condomínio Edifício Parque Avenida em 19 de abril de 2024 e que houve baixa na situação cadastral em 9 de janeiro de 2025. O capital inicial da emissora era de R$ 100 mil.

As suspeitas são de que Cigarreiro montou a rádio na avenida Paulista, um dos principais cartões postais da cidade, para lavar dinheiro do tráfico de drogas do PCC e do CV. O narcotraficante conseguiu tirar três RGs falsos em São Paulo.

Fretou avião em Jundiaí

Ainda segundo o DHPP, em 7 de novembro de 2024, por volta das 18h, um dia antes do assassinato de Gritzbach, Cigarreiro fretou um avião de pequeno porte em Jundiaí, no interior paulista e foi para o Rio de Janeiro, onde se refugiou na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha.

Ele foi levado até o hangar de Jundiaí com a ajuda de pessoas ligadas a integrantes do PCC. No Rio, onde é conhecido como Bill, teve o apoio do sócio Alan Hilário Lopes, o Rala, do CV, que ficou paraplégico após trocar tiros com PMs do Bope (Batalhão de Operações Policiais).

Desde 2007, quando Rala foi baleado pelos PMs, Cigarreiro controla o tráfico de drogas em um morro na Vila Cruzeiro. Em São Paulo, foi apresentado ao PCC pelo narcotraficante Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, morto em 2021 a mando de Gritzbach, segundo a polícia.

Continua após a publicidade

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Emílio Carlos Gongorra Castilho e Kauê do Amaral Coelho. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver um posicionamento dos defensores deles.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.