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TVs erram ao misturar denúncia grave com conversas privadas de Marcola
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"Domingo Espetacular" e "Fantástico" exibiram reportagens parecidas neste final de semana sobre a operação Anjos da Guarda, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (12). A semelhança nas pautas dos programas dominicais não é incomum, especialmente quando tratam de assuntos "quentes", que chamaram muita atenção no noticiário ao longo da semana.
No caso, a operação da PF despertou interesse por buscar desarticular um plano de resgate de criminosos das penitenciárias federais de Brasília (DF) e Porto Velho (RO). Além da liberação de líderes do PCC atualmente detidos, de acordo com o que foi divulgado, o plano envolvia o sequestro de autoridades para conseguir a soltura dos detentos.
A PF apresentou diferentes provas para justificar a operação. Uma delas foi a captação de várias conversas em código de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, com sua esposa no parlatório das duas penitenciárias. São diálogos interceptados com autorização judicial, que ajudaram a confirmar outras informações que a polícia já dispunha sobre os planos do líder do PCC.
O que me surpreendeu negativamente nas duas reportagens foi a exibição de trechos de vídeos de conversas Marcola com sua esposa e seu filho de 13 anos nas quais estão tratando de assuntos privados. O "Domingo Espetacular" reproduziu todo um diálogo do preso com o filho sobre o hábito de fumar e de brincar com réplicas de armas, chamadas "airsoft". Também mostrou trechos de diálogos sobre a relação afetiva de Marcola com a mulher. O "Fantástico" mostrou um trecho de conversa de Marcola com a mulher sobre a aparência física de ambos.
"Isso são conversas privadas, sem interesse público, seria bom que a imprensa não divulgasse", disse o promotor Raoni Maciel em seu perfil pessoal, no Twitter. Maciel, que é membro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT), me disse que expressou "uma percepção pessoal" e que não tinha mais nada a acrescentar.
Tive esta mesma impressão. A revelação de conversas sobre assuntos da esfera particular não têm interesse público. Também dão um status midiático ao preso quase como se fosse um artista. E, no caso do filho, mesmo que tenha sido protegido pela tela borrada, o expõe diante de colegas e conhecidos.
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