Deltan é um "white bloc" de fascistoides que querem fechar Congresso e STF
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A coletiva da Lava Jato, nesta terça, sobre os seis anos da operação foi um caso exemplar de gato escondido com o rabo de fora. O bichano tenta se acoitar em algum lugar, mas larga a cauda à vista. Você olha e diz: "Vejam, ali está um gato". Ele, no entanto, deve ter a certeza — a certeza de que são capazes os gatos — de que não está sendo visto por ninguém.
A patuscada, nem poderia ser diferente, foi comandada por Deltan Dallagnol, o procurador que ainda coordena a Lava Jato porque o Conselho Nacional do Ministério Público, o Conselho Superior do Ministério Público e a própria Procuradoria Geral da República são entes degradados. Basta passar os olhos pelo Código de Ética e Conduta do Ministério Público da União para saber por que ele já deveria ter sido punido. No entanto, não foi e não será. Justamente em razão da degradação.
Sob o pretexto de fazer uma prestação de contas, a coletiva se dedicou a, mais uma vez, demonizar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. E isso se deu às vésperas do tal protesto convocado pelos fascistoides do bolsonarismo — ou pelos bolsonaristas do "fascistoidismo", escolham —, cobrando o fechamento do Congresso e do Supremo... Não é lindo?
As instituições estão sob ataque — com patrocínio oficial, note-se —, a adesão, tudo indica, não será nada espetacular, e eis que vem a Lava Jato em socorro aos trogloditas, em mais uma parceria entre a dita operação de combate à corrupção, o bolsonarismo e a extrema-direita.
Deltan é um dos "white blocks" dos fascistoides. O chefe moral da turma, sabe-se, é Sergio Moro.
Leio na Folha:
"Durante a coletiva, integrantes da força-tarefa da Lava Jato focaram nos números da operação. Neste período, foram 70 fases deflagradas, resultando em 500 pessoas acusadas. Já há 52 sentenças com 253 condenações, que somam 2.286 anos e sete meses de pena. As autoridades destacaram os valores recuperados: cerca de R$ 4 bilhões foram devolvidos do total de R$ 14,3 bilhões ajustados em 185 acordos de colaboração premiada e 14 acordos de leniência firmados entre a operação e acusados."
Números para enganar trouxas ou para satisfazer pilantras.
A soma das penas para impressionar bobalhões é de trincar catedrais. Que tal a gente juntar os bilhões de anos dos sentenciados do sistema prisional brasileiro para afirmar ser este país o reino da Justiça? Está à altura do padrão mental e moral de um "white block".
Quanto ao dinheiro recuperado, dizer o quê? O desastre que a operação destrambelhada operou na economia supera, deixem-me ver, em centenas de vezes — é preciso fazer o devido estudo —, o eventual benefício. A Lava Jato quebrou, por exemplo, o setor de construção pesada no Brasil e engoliu uns 400 mil empregos diretos. Custo em bilhões? É preciso calcular.
"Ah, então não se deve combater a corrupção?" Ora, claro que sim! Dentro das regras do jogo.
"Mas a Lava Jato opera fora das tais regras?"
Respondam vocês mesmos. O que pensar de uma facção do Ministério Público Federal que, desbordando de seus compromissos com a democracia, com a institucionalidade e com a coisa pública, arma uma entrevista coletiva para se comportar como esbirro de protesto fascistoide de rua?
"Ah, Reinaldo, mas não foi essa a intenção..."
Eu não analiso intenções, e pouco me importam as disposições subjetivas nesse caso. Eu me interesso apenas pelos fatos.
O fato é que, mais uma vez, os "white blocs" do lava-jatismo recorreram aos microfones e a uma operação midiática para acusar o Congresso e o Supremo de promover a impunidade e de criar dificuldades para o combate à corrupção.
E assim agiram cinco dias antes do tal protesto, que não faz questão nenhuma de esconder que seus alvos são essas duas instituições. Como está difícil engajar as pessoas, exceto os fanáticos de sempre, Bolsonaro e a própria máquina do governo, via Secom, entraram na promoção do ato. Mas a reputação da turma não anda lá essas coisas. Então foi preciso convocar esses templários de quinta categoria para entrar na luta
O lado bom: Deltan, que nunca me enganou, se desnuda. Mais uma vez.