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Reinaldo Azevedo

Maia reage. E uma nota a eventuais golpistas sobre a lealdade de Bolsonaro

Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Justamente porque preside com independência uma das Casas do Parlamento, deputado se tornou o alvo principal da fúria de Bolsonaro e seus golpistas - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Justamente porque preside com independência uma das Casas do Parlamento, deputado se tornou o alvo principal da fúria de Bolsonaro e seus golpistas Imagem: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Colunista do UOL

20/04/2020 07h55

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos alvos principais da fúria de Jair Bolsonaro e seus golpistas, reagiu com firmeza ao ato destrambelhado do presidente. Em nota nas redes sociais, afirmou:

"O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos. Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição"

E ainda:
"Para vencer esta guerra contra o coronavírus precisamos de ordem, disciplina democrática e solidariedade com o próximo".

Observou o presidente da Câmara:
"São, ao todo, 2462 mortes registradas no Brasil. Pregar uma ruptura democrática diante dessas mortes é uma crueldade imperdoável com as famílias das vítimas e um desprezo com doentes e desempregados".

Rodrigo Maia afirmou que os parlamentares não podem perder tempo com retóricas golpistas:
"Não temos tempo a perder com retóricas golpistas. É urgente continuar ajudando os mais pobres, os que estão doentes esperando tratamento em UTIs e trabalhar para manter os empregos. Não há caminho fora da democracia".

Bem, é isso mesmo. A retórica golpista não pode ocupar o Brasil, mas não dá para ignorar a gravidade do que fez Bolsonaro — e não creio que Maia esteja a sugerir isso. Mas é claro que ele não é o Parlamento.

É preciso que deputados e senadores se conscientizem do risco que representa o que se viu neste domingo.

Afinal de contas, o presidente deixou claro: não quer negociar nada! Quem não quer negociar quer impor.

Cabe ao Parlamento brasileiro dizer até onde ele pode ir.

E os que decidirem ser seus aliados na sua trajetória tresloucada podem, no céu, pedir informações sobre a sua lealdade ao ex-ministro Gustavo Bebianno, seu braço-direito na campanha eleitoral e que foi chutado com menos de dois meses de governo.

Na terra, há o correto general Santos Cruz, que parece ter sido defenestrado por excesso de honradez, além de metade ou pouco mais da bancada do PSL.

Os militares que eventualmente estejam endossando a sua escalada protogolpista não devem se esquecer de que, como disse o poeta, o beijo é a véspera do escarro. No caso de Bolsonaro, isso é uma divisa.

Embora tenha passado boa parte do domingo em conversas com senadores, deputados, ministros do Supremo e ministros que atuam no Planalto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, preferiu não se manifestar. Tomara que seja apenas o cálculo da prudência, não a omissão calculada.