Nota da Anvisa embute ameaça inaceitável; linguagem apela ao terrorismo
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A nota da Anvisa recorre a um linguajar técnico, mas o texto mal esconde o viés terrorista. Lá se lê:
Após a ocorrência de um "evento adverso grave", a Anvisa determinou a interrupção do estudo clínico da vacina CoronaVac. O evento ocorrido no dia 29/10 foi comunicado à Agência, que decidiu interromper o estudo para avaliar os dados observados até o momento e julgar o risco/benefício da continuidade do estudo.
Esse tipo de interrupção é previsto pelas normas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de Boas Práticas Clínicas esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil.
Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado. A Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.
A Anvisa mantém o compromisso com o Estado brasileiro de atuar em prol dos interesses da saúde pública.
*De acordo com a RDC 9/2015, são considerados eventos adversos graves:
a) óbito;
b) evento adverso potencialmente fatal (aquele que, na opinião do notificante, coloca o indivíduo sob risco imediato de morte devido ao evento adverso ocorrido);
c) incapacidade/invalidez persistente ou significativa;
d) exige internação hospitalar do paciente ou prolonga a internação;
e) anomalia congênita ou defeito de nascimento;
f) qualquer suspeita de transmissão de agente infeccioso por meio de um dispositivo médico;
g) evento clinicamente significante.
Comunicados do gênero não costumam tratar o risco de interrupção da pesquisa, conforme se lê no texto. Mais: o objetivo era anunciar a suspensão da pesquisa até que se avalie a ocorrência ou assustar as pessoas? O texto fala por si.
O médico contra-almirante Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, já disse mais de uma vez que a agência não está sujeita às pressões do governo federal. Certo! Então não pode agir como se estivesse.