Moro e a contratação indecente pela A&M: é dever de Aras mandar investigar
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Passadores de pano estão fazendo um esforço imenso para normalizar a contratação de Sergio Moro pela empresa americana Alvarez & Marsal. O homem se tornou sócio diretor. A A&M cuida da recuperação judicial da Odebrecht e já fez o mesmo com a OAS. Tem entre os clientes a Queiroz Galvão e a Sete Brasil. Todas elas são empresas que caíram na voragem da Lava Jato, a dita "maior operação de combate à corrupção do mundo". É a nossa pororoca policial-judicial.
Ocorre que Moro homologou parte dos acordos de delação premiada de diretores da Odebrecht e teve influência no acordo de leniência da empresa. Foi ele, pois, a dar um "sim" às vantagens concedidas aos dirigentes e ao próprio grupo. Agora, migra para a A&M, que recebe proventos milionários da... Odebrecht. É, por si, vergonhoso. É preciso apurar se a coisa vai além da vergonha e avança também para o crime.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) pediu que a Procuradoria Geral da República investigue a contratação. Faz muito bem.
Na petição, escreveu Teixeira:
"Não há dúvida de que, segundo a lógica que inspirou os trabalhos da Operação Lava Jato, hoje assumidamente liderados pelo então juiz Sérgio Moro, situações dessa natureza seriam em tese caracterizadas como justa causa para investigação criminal pelo delito de corrupção, justificando-se a busca de elementos informativos sobre as vantagens ou promessa de vantagens supostamente solicitadas, recebidas ou aceitas em troca de atos praticados na condição de funcionário público".
O nome disso é corrupção passiva. Sim, defendi aqui essa investigação. Fazê-lo é um dever legal e moral. Mais: é preciso que a Justiça autorize a quebra do sigilo bancário de Moro dentro e fora do Brasil.
Em seu ofício, diz ainda Teixeira:
"Diante desse cenário, é urgente que se apure as relações, as condições e os valores envolvidos nos contratos celebrados entre o Grupo Odebrecht, a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal e, agora, o sr. Sergio Fernando Moro. As decisões proferidas pelo então juiz Sérgio Moro provocaram significativos impactos políticos, sociais e econômicos ao país. Sua atuação foi decisiva para que fossem celebrados acordos e concedidos benefícios ao Grupo Odebrecht, seus sócios e executivos. O mínimo que se espera é que os desdobramentos dessa operação sejam trazidos às claras e que haja transparência na conduta dos envolvidos".
Augusto Aras está diante de mais uma oportunidade de começar a botar ordem na bagunça que tomou conta do país sob o pretexto de combater a corrupção. Enfrentar e punir o malfeito é um dever legal, ético e moral. Mas não pode ser à custa de patranhas que levam o país à breca e enriquecem alguns espertalhões.