Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Pacheco: ataque "atinge todo o Senado"; Alcolumbre: ação "irresponsável"
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Como Ernesto Araújo é um reacionário selenita, que vive no mundo na Lua, não sabe a briga que comprou. Não apenas com Kátia Abreu, que não é do tipo que foge de confronto. Mas com todo o Senado.
O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), criticou a estupidez do chanceler e saiu em defesa da senadora. Escreveu no Twitter:
"A tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal. E justamente em um momento que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes. Essa constante desagregação é um grande desserviço ao país".
Não foi o único. David Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente, hoje no comando da CCJ e um dos aliados do governo no Senado, afirmou:
"Meu incondicional apoio à presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu. A insinuação irresponsável por parte de um ministro não é somente um desrespeito ao Senado Federal. É um ato contra todos que constroem a longa e honrosa tradição da diplomacia brasileira".
Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, que disse não faz tempo que o partido, provavelmente, marcharia com Bolsonaro em 2022 também reagiu mal:
"No momento em que há um grande esforço para a pacificação e o entendimento, lamento muito que justamente o responsável por nossa diplomacia venha a criar mais um contencioso político para as instituições. O Brasil e o povo brasileiro não merecem isso".
Pacheco lembrou, leio em O Globo, o que disse a Bolsonaro sobre Araújo:
"Em relação ao ministro e ao ministério das Relações Exteriores, eu apontei ao presidente o que é o entendimento amplamente majoritário do Senado Federal, de que a política externa do Brasil não é boa, é uma política falha, capenga, que precisa ser corrigida a bem do nosso país."
Não custa lembrar: no tal comitê criado para combater a Covid-19, Pacheco é o encarregado de conversar com os governadores. Pode parecer incrível, mas a dita "ala ideológica" do governo parece fazer um esforço deliberado para tornar esse trabalho inviável.
Notem, ademais, que ao divulgar sua mensagem difamatória contra Kátia Abreu, o ministro das Relações Exteriores abre, ao mesmo tempo, um novo contencioso contra a China, de onde provêm os insumos das duas vacinas que são aplicadas no Brasil no momento. Ademais, trata-se do principal parceiro comercial do Brasil, que responde por mais de um terço, em dólares, do que o país exporta para o mundo.
É esse tipo de gente que chegou ao poder.