Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Pacheco fará mal ao país e a si se colecionar pedidos. Joga fora no lixo!
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), não tem, como o Supremo vai deixar claro, de submeter a rejeição a pedido de impeachment de ministros do Supremo ou do procurador-geral da República a ninguém. A primeira decisão é sua. Caso ele ache que há motivos para a coisa seguir adiante, aí, sim, precisa do concurso da Mesa.
Não tendo de submeter a rejeição a ninguém e sendo obrigado apenas a passar o eventual aceite pelo crivo da Mesa, também não há prazo para decidir. Se quiser, fica com todos os pedidos na sua gaveta até o fim de seu mandato como presidente da Casa.
Mas aí vem a pergunta: isso é bom? Não! Isso é péssimo. Para ele e para o país.
Enquanto os pedidos estão lá, passa a impressão de que pode vir a usá-los se der na veneta. Ao mesmo tempo, vira alvo do assédio dos psicopatas que sonham em entregar a Corte a Bolsonaro.
Vejam essa patética figura chamada Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Ele já apresentou duas denúncias contra Alexandre de Moraes. Pacheco está lá com 10. Todos os pedidos têm origem em bolsonaristas inconformados com o estado de direito.
Se usa o poder monocrático que tem para arquivar sandices, o Senado deixa de ser a Porta da Esperança dos fascistoides.
E, por óbvio, se achar que alguma coisa procede, que, então, chame o concurso da Mesa e dê sequência à coisa. Mas ele sabe que aquilo que tem lá apresenta um padrão de argumentação que vai de Kajuru para baixo. E não é tarefa fácil.
Que mande logo tudo para o lixo. Se fica colecionando petições insanas, estimula a delinquência.
Tão logo o Supremo deixe claro que ele detém o poder monocrático de rejeitar as denúncias, a demanda vai aumentar em vez de cair. E também a pressão dos fascistoides sobre ele.
Se põe um ponto final na bagunça e define um "por aqui, não passa", a bandidagem vai se ocupar de outra coisa.
Coragem, Pacheco! Faça como na música de Michael Sullivan e Paulo Massadas: "Vou jogar fora no lixo!"