Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
MBL projeta no prédio da Saúde "Fora Bolsonaro" e "Fora ladrão de vacina"
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O MBL, o Vem Pra Rua e o Livres marcaram para o dia 12 de setembro a sua manifestação em defesa do impeachment de Jair Bolsonaro. Está um pouco longe ainda. Seguem, nesse particular, a, vamos dizer assim, "tecnologia de manifestação" em favor do impedimento de Dilma: a marcação de atos com bastante antecedência para garantir a ampla divulgação. Também contou o calendário de vacinação. Em setembro, haverá mais segurança sanitária para eventos que têm no ajuntamento de pessoas a sua razão de ser. Com máscara!
Os "não esquerdistas", "conservadores", "direitistas democráticos", "liberais" etc. — ou como queiram chamar; ou como cada um queira se identificar — favoráveis ao impeachment marcam, assim, o seu próprio ato de protesto. Eu mesmo defendi aqui, como sabem: se muitos que entendem que Jair Bolsonaro faz um governo nefasto e criminoso não se sentem confortáveis em participar de manifestações majoritariamente de esquerda, que organizem as suas próprias. Desde que, por óbvio, não se proíba a participação de ninguém que comungue da pauta e que defenda a ordem democrática. Desde que, em suma, não existam aqueles com "vocação de PCO", que decidiu criar o "Bedel de Passeata". Suponho que mesmo pessoas de vermelho serão aceitas nos atos de 12 de setembro.
Já expressei aqui o meu ponto de vista. Acho que manifestações em favor do impeachment e pelo cumprimento das regras do jogo não têm de pedir crachá de ninguém. Ao contrário: quanto mais, melhor. Se, no entanto, as circunstâncias não são favoráveis a que se realizem atos unificados, que sejam então separados, ainda que a pauta principal seja a mesma. A questão eleitoral deve ficar para depois. Aliás, penso o mesmo sobre os protestos liderados pelas esquerdas.
Mas estamos ainda na fase de reconstrução do ambiente do debate democrático, que se deteriorou de maneira espantosa nestes tempos horríveis. Vai passar. Que se faça o possível. O importante é que as forças que se opõem a esse franco processo de deterioração da civilidade política se manifestem e expressem seu repúdio ao contínuo rebaixamento do poder do Estado à arruça, à baixaria, à pusilanimidade.
"Ah, mas apoiaram Bolsonaro no segundo turno de 2018..." E daí? Espero que compareçam ao ato de 12 de setembro e também aos das esquerdas pessoas que votaram no cara já no primeiro. Há uma questão elementar, aritmética: se todos repetirem na próxima eleição o voto que deram na eleição passada, Bolsonaro será reeleito. Essa não é hora de exigir "mea-culpa" de ninguém. A esfera política em que essa questão será debatida é outra: é a eleitoral. Todos terão suas cobranças a fazer, não é? Também os que agora são cobrados. É parte do jogo.
O fundamental, agora, é deixar claro que se estabeleceu uma linha: e os que defendem o impeachment estão, a despeito de suas enormes divergências, de um mesmo lado no que concerne à continuidade desse circo macabro e homicida. Sendo impossível fazer atos unificados, que sejam, então, distintos. Mas que sejam claros na defesa da democracia e do estado de direito.
LUZ NA SAÚDE
Na noite desta quinta, o MBL projetou na sede do Ministério da Saúde, com canhões de luz, a data da manifestação -- 12 de setembro -- e as palavras de ordem "Fora Bolsonaro" e "Fora Ladrão de Vacina".
O movimento também pregou em pontes da marginal do Tietê, em São Paulo, faixas com a data do protesto, o lema "Fora, Bolsonaro" e o pedido para que os motoristas buzinem.
A barulheira é infernal. Para ele!