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Biden em delírio e Europa acéfala deixam mundo à mercê de Putin e Zelensky
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É impressionante, mas é verdade. O tamanho do desastre econômico (para ficar só no econômico...), em escala mundial, depende da veneta de dois lunáticos. Um deles, Vladimir Putin, acha que pode romper as regras do jogo e invadir um país soberano para impor as suas vontades. Sim, é verdade: ele não inova. Se precisasse aprender alguma coisa com o inimigo, a Otan poderia lhe dizer como se faz.
É bem verdade que a aliança militar não costuma ocupar territórios. Prefere os bombardeios aéreos. Quem estiver embaixo que se dane. O "mundo livre" tem suas demandas em cadáveres. É um tipo de liberdade que pode custar muito caro aos outros. Neste exato momento, esse tal "mundo livre", por intermédio da Arábia Saudita, está alvejando criancinhas no Iêmen. Para indignação de quase ninguém. Joe Biden? Ora, está puxando o saco de Mohammed Bin Salman, o assassino e criminoso de guerra que, de fato, governa a Arábia Saudita. Como os EUA querem tirar do mercado o petróleo da Rússia, o segundo maior exportador, então precisam pedir socorro ao primeiro. É preciso distinguir os infanticidas amigos dos infanticidas inimigos. Não é de hoje que Washington faz essas escolhas.
A suposição de que Putin imaginou a tempestade econômica que desabaria sobre sua cabeça é puro exercício de imaginação. Tudo indica que não. No caso da guerra propriamente, é possível que tenha antevisto a resistência. A mobilização era gigantesca desde sempre. Não me parece que contasse com a ação concertada de Estados Unidos e Europa, com a adesão espontânea de países e corporações mundo afora, para estrangular o seu caixa e transformar o povo russo em marginal econômico. A aliança que se formou contra ele é de tal sorte que avança também para a estupidez. Uma universidade pensou em suspender um seminário sobre Dostoievski. O maestro russo Pavel Sorokin foi dispensado das apresentações que faria na Royal Opera House de Londres. Iria reger "O Lago dos Cisnes", de Tchaikovski. O artista foi tratado como agente de Putin.
O presidente russo diz que vai anunciar a sua resposta ao boicote liderado por Biden. O democrata está no poder há pouco mais de um ano e é o protagonista de uma das piores crises — em muitos aspectos, a pior — depois do fim da Segunda Guerra. "Não, Reinaldo, ele só está reagindo! Quem criou o bafafá foi Putin". Pois é. Imaginar que se tem à frente da ainda maior potência do mundo um senhor que só sabe ser reativo e que exerce o poderio de sua máquina de guerra e das dimensões imperiais de sua economia só para impor retaliações a um inimigo de estimação... Bem, isso dá conta do buraco em que estamos. A suposição de que Putin vá recuar com o rabo entre as pernas corresponde a alimentar a crise.
Biden arrastou uma Europa muda e acéfala para a sua aventura retaliatória. A economia que mais tem a perder, e isso poderá ser visto em breve, é a Alemanha, hoje sob o comando de Olaf Scholz, que tem sido mais um espectador da crise, embora seu povo possa ser o mais prejudicado do continente. Emmanuel Macron até deu uns sinais iniciais de que poderia ser um interlocutor qualificado, mas ainda não decidiu se seu papel é conceder entrevistas dizendo alguns desaforos sobre Putin ou convencer seus pares europeus e os Estados Unidos de que as demandas russas sobre segurança devem ao menos ser ouvidas.
Engolfada pela onda "Destruam Putin", a imprensa ocidental vive dias de delírio, com exceções aqui e ali. A Rússia já ocupa 25% do território ucraniano; há quase dois milhões de refugiados, que vão se multiplicando — e os ataques, até agora, foram, como é evidente, pontuais e com aviso prévio, daí que a ONU reconheça pouco mais de 500 mortos civis. Se a coisa degenera, muitos milhares vão morrer. Ainda assim, um leitor desavisado ficaria com a impressão de que os russos estão levando uma sova.
Os critérios, mesmo os mais comezinhos, de uma sociedade civilizada, são mandados às favas porque, afinal, é preciso odiar Putin — que é mesmo um biltre. Mas o que se fará disso? Volodymyr Zelensky, o outro lunático dessa história, houve por bem transformar todos os homens do país em soldados — vale dizer: "reféns". Se há quase dois milhões de refugiados e se os homens entre 18 e 60 anos estão proibidos de deixar o país, então o número de famílias desfeitas, sabe-se lá por quanto tempo, também está por aí. É uma aberração e um atentado civilizatório. Mas o homem é aplaudido de pé no Parlamento britânico como se fosse Churchill.
Esperar respostas racionais daqueles que estariam em condições de oferecê-las tem sido perda de tempo. Não parece que virão. A menos que os EUA estejam arquitetando a queda de Putin na Rússia — não parece crível —, fica difícil saber em que mundo estão apostando. Olhem aqui: qualquer que se seja o pretexto, é no mínimo irresponsável que Biden jogue o mundo, ainda não de todo livre da pandemia, nessa encruzilhada. "Então Putin pode invadir qualquer país?" Não pode. Tem de ser punido. De toda sorte, a pergunta embute a premissa errada de que sua intenção é refazer o império soviético e reconstruir zona de influência da antiga União Soviética.
Então não tem jeito. Se alguma esperança há, vejam vocês, ela vem mesmo é dos lunáticos Putin e Zelensky. O bufão ucraniano — o sequestrador de todos os homens do país — andou dizendo que até pode considerar algumas exigências de Putin. Afirma estar decepcionado com a Otan. Ele esperava que a aliança fosse decretar a zona de exclusão aérea e lhe fornecer caças — não basta as milhares de toneladas de armamento que já recebeu. Vejam que coisa: é o próprio presidente da Ucrânia a confessar por que pretende entrar na Otan. Aos parlamentares do Reino Unido, no entanto, ele resolveu endurecer de novo a retórica e disse que a Rússia deveria ser considerada um estado terrorista. Foi aplaudido de pé.
No momento, os lunáticos têm o comando dos idiotas.