Bolsonaro será o Papai Noel do Natal prolongado dos deputados
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É Natal. E, por incrível que pareça, ninguém está mais disposto a festejar o Natal e o Ano Novo do que o presidente Jair Bolsonaro. Pelo menos é o que dizem os seus auxiliares. Bolsonaro aceitaria até se vestir de Papai Noel. E, mesmo que não use as roupas do Bom Velhinho, já está preparando seu saco de presentes. Não, não serão presentinhos para as criancinhas. São presentes para os amigos do Congresso que estiverem dispostos a eleger um presidente da Câmara do agrado do Planalto.
É, porque a disputa pelo comando da Câmara é decisiva para os dois últimos anos do mandato do presidente da República. Ainda mais deste presidente, que quer porque quer se reeleger e continuar com poder sobre a Polícia Federal, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a Procuradoria Geral da República, o Ministério da Justiça e até sobre os militares.
O presidente tem demonstrado um interesse todo especial nesses órgãos. Mas não vai aí nenhuma ilação sobre as investigações a respeito de rachadinhas envolvendo seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos.
E, como esses órgãos, a Câmara também detém um perigoso poder de fogo, que pode ser apontado diretamente para o outro lado da Praça dos Três Poderes.
Começa que cabe ao presidente da Casa decidir se dispara ou não o gatilho do processo de impeachment contra os chefes do Poder Executivo. Já há pelo menos sete pedidos contra o presidente Bolsonaro na gaveta de Rodrigo Maia e que deverão ser repassados a seu sucessor na Presidência da Câmara.
Mas há algo mais nas mãos do comandante da Câmara que também pode destruir qualquer governo: a pauta de votações. Foi com uma pauta de bombas contra a economia que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha minou o governo Dilma Rousseff e sua popularidade, deixando-a absolutamente vulnerável ao processo de impeachment.
Agora que os partidos de esquerda se juntaram à parcela oposicionista da direita e do centro no Congresso, tornou-se real o risco de Bolsonaro não conseguir eleger seu candidato a presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira, do PP de Alagoas.
Antes Lira era favorito absoluto. Agora mesmo seus aliados preveem uma disputa palmo a palmo com o nome que sair do bloco oposicionista. Rodrigo Maia e os partidos de centro e direita apostam no deputado Baleia Rossi, do MDB de São Paulo. A esquerda ainda não sabe se proporá ao bloco outro nome ou se navegará com Baleia.
Se nos primeiros sinais de fraqueza de seu governo, Bolsonaro mandou às favas a Nova Política e se aliou ao velho centrão de Arthur Lira, imagina o que não está disposto a fazer para evitar um oposicionista no comando da Câmara.
A eleição é no dia 1º de fevereiro. São poucos dias após o Natal para conseguir os votos que garantam a vitória. Serão necessários muitos presentinhos. Poderão cair do saco de Papai Noel na forma de obras para redutos eleitorais, cargos, benesses variadas e promessas de recompensas futuras.
E se não der certo? Se não der certo o saco de bondades para os políticos terá que continuar soltando presentinhos ao longo dos próximos dois anos.
Ou seja, há uma boa chance de o Natal dos deputados se estender por muito tempo.
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