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Tales Faria

OPINIÃO

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Aliados de Lula se preparam para boicote do governo se petista for eleito

Expectativa é de que Bolsonaro atrapalhe a transição                              -                                 RICARDO STUCKERT E MARCOS CORRêA/PR
Expectativa é de que Bolsonaro atrapalhe a transição Imagem: RICARDO STUCKERT E MARCOS CORRêA/PR

Colunista do UOL

29/09/2022 11h41

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Há uma certeza entre os aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): se o petista vencer a eleição para o Palácio do Planalto, o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), fará de tudo para prejudicar o futuro governo.

"Eles não vão querer nem fazer a transição. Teremos que montar uma Comissão de Transição independente", disse à coluna o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integra o comando de campanha de Lula.

Vale lembrar que houve comissões de transição após todas as eleições no período pós-ditadura militar, com o governo anterior passando ao eleito as informações pedidas para a nova gestão. Desta vez, a expectativa é de que Bolsonaro se negue até a comparecer à transmissão da faixa presidencial.

"O jeito é tentar ganhar no primeiro turno, exigir que passem os dados da transição e pronto", afirma o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). Ele não conta com qualquer tipo de ajuda do governo Bolsonaro: "Eles querem que se lasque tudo. Acho que vão levar até os computadores embora."

O pessimismo de Zarattini, no entanto, não é seguido por todos no PT. "Acredito que a força popular do candidato eleito impedirá que eles atrapalhem muito a transição", afirma o deputado José Guimarães (PT-CE), vice-líder da Minoria na Câmara.

De qualquer maneira, todos temem que o governo tente implementar medidas provisórias e antecipar privatizações cujo interesse o ministro da Economia, Paulo Guedes já antecipou.

"Podem sair com a tentativa, por exemplo de privatizar a Petrobras ou até praias", afirma o ex-líder do PT no Senado Humberto Costa. Mas ele acha que o Congresso tem como barrar:

"Há uma tradição de o Congresso se manter em stand by nesse período de transição de governos, evitando aprovar medidas que não interessem ao futuro presidente. Então creio que MPs polêmicas seriam barradas. De qualquer maneira, vamos ficar atentos."

Atenção é a palavra de ordem. A expectativa entre os aliados de Lula é de vitória já no primeiro turno, mas se preparando para um eventual segundo turno e, especialmente, para o período pós-eleitoral.

"Pode vir de tudo por aí e não podemos bobear", diz Zarattini.