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Tales Faria

OPINIÃO

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Bolsonaro aposta que o TSE não terá coragem de impugnar sua candidatura

Presidente Jair Bolsonaro e ministro Alexandre de Moraes, do STF - Foto: Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro e ministro Alexandre de Moraes, do STF Imagem: Foto: Agência Brasil

Colunista do UOL

04/10/2022 14h09Atualizada em 04/10/2022 17h04

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) acredita que emparedou os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com seus ataques ao presidente da Corte, Alexandre de Moraes, e ao Supremo Tribunal Federal.

O próprio Bolsonaro disse a um interlocutor que já não acredita em punições severas da Justiça contra ele. "O máximo que poderão fazer", por conta de desrespeito à Lei Eleitoral "é com multas e tirar coisas do ar", afirmou, referindo-se a peças eleitorais consideradas fake news.

Segundo o presidente, os ministros "não teriam coragem" de impugnar sua candidatura depois que ele "denunciou" estar sendo perseguido.

Por conta dessa certeza, o presidente tem sido cada vez mais ousado na campanha. Decidiu, por exemplo, receber nesta terça-feira (4), no Palácio do Planalto —seu local de trabalho como presidente da República— a declaração de apoio do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, à sua candidatura. Ou seja, um ato de campanha em prédio público.

Mas o mais evidente é a antecipação do pagamento de mais uma parcela do Auxílio Brasil para ter efeito antes do 2º turno da eleição.

Tudo bem que o auxílio foi aprovado por uma Proposta de Emenda Constitucional do Congresso como política pública, antes das eleições. Mas a antecipação de parcela cria uma situação de assimetria entre candidatos que, em condições normais, certamente seria classificada pela Justiça eleitoral como abuso de poder político.

Os assessores de Bolsonaro alertaram-no desse risco, mas ele insistiu porque acha que o TSE não teria coragem de impedi-lo.

Para aumentar a pressão sobre a Justiça é que, logo após a votação do primeiro turno, Bolsonaro declarou que, vencendo no segundo turno, indicará dois ministros no STF, mudando a correlação de forças na Corte.

Seus aliados ainda fazem questão de frisar que a nova bancada do Senado, com Bolsonaro reeleito, poderá retomar processos de impeachment contra os ministros do STF que ele considere adversários, ou mesmo aumentar o número de ministros na Corte.