Tales Faria

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A paz não interessa ao Hamas, nem aos ultraconservadores de Israel

Com seu último ataque terrorista contra a população civil, o Hamas beneficiou, mais uma vez, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu e a ultradireita.

A oposição ao atual governo de Israel acaba de anunciar que se uniu ao primeiro-ministro na criação de um governo de emergência em meio à "guerra contra" o Hamas.

Às vésperas da eleição e Netanyahu vinha sendo alvo de diversos protestos populares contra as propostas dos conservadores de intervir e diminuir os poderes da Suprema Corte do país.

As pesquisas de opinião apontavam que era grande o risco de derrota de Netanyahu. Mas eis que de repente, não mais que de repente, o Hamas promove esta carnificina. E os serviços de informação de Israel, sempre bem informados, se dizem tomados de surpresa.

É comum chefes de poderes desgastados procurarem um inimigo externo capaz de unificar a opinião pública de seus países em torno de si.

No caso do Hamas, boa parte de suas ações ocorreram quando avançava um acordo entre o governo de Israel e a Autoridade Palestina, grupo contra o qual disputa o controle da opinião pública na Faixa de Gaza.

Duas semanas antes do ataque, o líder em exercício do governo saudita, Mohammed bin Salman, e o primeiro-ministro israelense haviam afirmado que seus países se aproximavam "a cada dia" e que estavam "à beira de um acordo, que seria um salto quântico para a região".

Numa entrevista ao canal americano Fox News no final de setembro, Bin Salman disse que o novo acordo com Israel "supriria as necessidades dos palestinos e lhes garantiria uma vida boa".

Mas agora essa perspectiva ficou distante. Salman e Netanyahu suspenderam as negociações.

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Curiosamente, o Hamas surgiu em 1987 como resultado de uma operação do governo israelense para dividir e esvaziar a resistência palestina. No início da década de 80 Israel passou a investir no crescimento da Irmandade Muçulmana, uma organização egípcia criada em 1928 e da qual o Hamas surgiu como dissidência.

O fato é que, hoje, a pacificação entre judeus e palestinos não interessa nem ao Hamas, nem aos ultraconservadores do governo de Israel. Nem mesmo ao Hezbollah outro grupo extremista que também costuma promover ações a cada vez que Israel se aproxima do mundo árabe.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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