É falso que TSE vetou urna com voto impresso feita por institutos militares
Lucas Borges Teixeira
Do UOL, em São Paulo
22/10/2020 04h00
Diversas correntes falsas veiculadas em 2018 estão voltando às vésperas das eleições deste ano. Uma delas diz que as Forças Armadas ofereceram urnas eletrônicas com voto impresso para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) usar no pleito, mas tiveram a iniciativa recusada.
O texto, que circula pelos aplicativos de mensagem, leva um vídeo em que uma mulher acusa o TSE de não aceitar a oferta dos institutos militares "sem motivo aparente". Publicações com informações semelhantes também foram encontradas no Twitter e no Facebook.
"O Instituto Tecnológico de Aeronáutica [ITA] se ofereceu para fazer outro protótipo das urnas eletrônicas com voto impresso. O Instituto Militar de Engenharia [IME] também se ofereceu ao TSE para que produzisse esse protótipo de voto impresso nas urnas. Eles não aceitaram, eles recusaram a ajuda dos institutos sem motivo aparente", diz a mulher, no vídeo.
O UOL não identificou a autora da filmagem, mas conseguiu rastrear notícias semelhantes desde o meio de 2018, antes das eleições gerais.
Instituições não fizeram protótipos para voto impresso
A informação é falsa. As instituições militares não ofereceram urnas com voto impresso. Esta fake news foi veiculada em 2018 e desmentida ao UOL por TSE e ITA.
O TSE informou, por meio de comunicado, que já havia desmentido corrente semelhante em 2018, que dizia que o Exército havia pedido auditoria das urnas. À época, a fake news foi desmentida pelo projeto Comprova, do qual o UOL faz parte.
"Tanto o Exército quanto a Marinha e a Aeronáutica —bem como o próprio TSE— negaram a existência da proposta de consultoria", diz a nota.
O tribunal informou ainda que instaurou um processo administrativo para apurar a corrente e enviou ofício ao Exército. "Porém, o Exército destacou, em resposta, que desconhecia a origem da informação", diz o TSE.
Ao UOL, o ITA também negou ter feito qualquer pedido. "O Instituto Tecnológico de Aeronáutica colaborou, no passado, com o desenvolvimento da primeira urna eletrônica brasileira. Atualmente, o ITA não possui nenhum projeto relativo ao desenvolvimento de modelo de urna com voto impresso", respondeu a instituição, por e-mail.
O UOL procurou também o IME, mas não teve resposta até a última atualização deste texto.