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Lula não respondeu Bolsonaro no Twitter sobre sigilos; post é montagem

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

27/04/2022 18h07Atualizada em 29/04/2022 12h12

É falso que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto nas eleições deste ano, tenha publicado no Twitter uma resposta ao presidente Jair Bolsonaro, que disputará a reeleição pelo PL, sobre sigilos impostos pelo atual governo. Os posts com este conteúdo que estão circulando nas redes sociais, alguns deles com milhares de interações (curtidas, compartilhamentos e comentários), compartilham uma montagem.

A imagem adulterada mostra um suposto tweet de Lula dizendo que em "8 meses" — ou seja, quando começa o próximo mandato presidencial — seria possível saber o motivo dos sigilos impostos pelo governo Bolsonaro. O post falso seria uma resposta a uma publicação em que Bolsonaro diz a um outro usuário do Twitter, Lucas Elias Bernardino (@b_lucaselias), que "em 100 anos saberá" a razão dos sigilos. Bernardino havia questionado diretamente o presidente, via Twitter, por que motivo ele decidiu colocar em segredo "todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato".

A assessoria de imprensa de Lula confirmou ao UOL Confere que o post não foi publicado no Twitter do ex-presidente. A montagem não mostra a data da suposta publicação, mas não há registros do post no site Wayback Machine, que arquiva imagens de páginas da internet, nem no perfil de Twitter Projeto 7c0, que armazena tweets apagados dos perfis de atores políticos. Uma busca no Twitter mostrou respostas diretas do perfil de Lula ao de Bolsonaro apenas em 2019.

A peça de desinformação pega carona em uma declaração dada ontem por Lula, quando o ex-presidente afirmou que daria "um jeito" nos sigilos impostos pelo atual governo.

Post gera dúvidas nas redes

Apesar de alguns usuários terem compartilhado a imagem em tom satírico, como um meme, e até mesmo terem alertado de que se tratava de uma montagem (veja aqui e aqui), em vários outros posts isso não aconteceu.

"Daqui 8 meses a gente vai descobrir por que o JAIR NÃO QUERIA VACINA", publicou um perfil de oposição a Bolsonaro no Twitter (19 minutos depois do primeiro post, o perfil alertou que a imagem era montagem). "Bons motivos pra votar no Lula", escreveu uma página no Facebook. "Em 8 meses, saberemos de tudo que o Bolsonaro colocou em sigilo", diz outra publicação com a montagem, também no Facebook.

A falta de alerta sobre o possível tom satírico da montagem gerou dúvidas em alguns usuários das redes, como foi possível observar nos comentários de alguns posts com a imagem.

"Finalmente as redes sociais do Lula estão reagindo, né? Já era tempo", disse um usuário do Instagram. "É real?", perguntou outro no Twitter. "Affff, eu acreditei 200%. Tava rindo já", publicou outro usuário na mesma rede.

Sigilos impostos pelo governo Bolsonaro

A pergunta de Bernardino foi feita no dia 13, quando o jornal O Globo noticiou que o governo Bolsonaro negou acesso a dados sobre entradas e saídas dos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura ao Palácio do Planalto. Segundo a agenda pública de Bolsonaro, ele esteve ao menos três vezes com os dois pastores, investigados pela Polícia Federal por suspeita de cobrança de propina em troca de favores no Ministério da Educação destinados a prefeituras. O caso levou o ministro Milton Ribeiro a pedir demissão.

Em nota, o governo alegou que, em respeito à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), não pode divulgar dados pessoais de qualquer visitante, e que essas informações são registradas "em sua plataforma exclusiva e restrita à segurança para o controle de acesso".

Ainda neste mês, o governo Bolsonaro colocou sigilo de cinco anos sobre documentos relativos à visita do presidente à Rússia, em março. O governo também tentou manter em segredo as visitas de Jair Renan, filho do presidente, ao Palácio do Planalto para encontros com empresários.

Antes, o governo Bolsonaro impôs sigilo de até 100 anos ao processo disciplinar sobre a participação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e então militar da ativa, em um ato político ao lado do presidente. Pazuello foi absolvido pelo Exército. Também estão sob sigilo de até 100 anos informações sobre o acesso do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do presidente, ao Palácio do Planalto, assim como o cartão de vacinação de Bolsonaro — o presidente afirma não ter se imunizado contra a covid-19.

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