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Bolsonaro responde internauta que questionou sigilos: 'Em 100 anos saberá'

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia alusiva a Regularização Fundiária - Alan Santos/Presidência da República
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia alusiva a Regularização Fundiária Imagem: Alan Santos/Presidência da República

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/04/2022 16h42Atualizada em 13/04/2022 17h23

O presidente Jair Bolsonaro (PL) respondeu hoje um internauta no Twitter após ser questionado sobre as ações do governo federal que impõem sigilos de 100 anos para o acesso às informações relacionadas ao atual mandatário e possível candidato à reeleição no pleito deste ano. "Em 100 anos saberá", disparou o presidente na resposta, junto com um emoji de "joinha".

Inicialmente, o internauta questionou o presidente sobre os sigilos após o mandatário postar a resposta de "Graças a Deus" a uma thread no Twitter sobre a falta de avanço no tema de aborto no Brasil.

"Presidente, o senhor pode me responder porque todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato, você põe sigilo de 100 anos? Existe algo para esconder?", questionou.

Bolsonaro rebateu o internauta: "- Em 100 anos saberá".

O presidente Jair Bolsonaro (PL) respondeu um internauta sobre os sigilos realizados pelo governo federal - Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro - Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) respondeu um internauta sobre os sigilos realizados pelo governo federal
Imagem: Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro

Após a resposta de Bolsonaro, o internauta rebateu. "Presidente, me parece um tanto quanto comodo para o senhor e péssimo para toda a população, porque se a 'verdade é o que nos libertará' 100 anos não é muito tempo não?"

Apesar do novo questionamento, Bolsonaro não respondeu a nova pergunta do internauta no Twitter.

Governo negou acesso de informações a jornal

A resposta de Bolsonaro ao internauta ocorre no mesmo dia em que o Jornal O Globo informou que o governo federal negou acesso a dados sobre entradas e saídas dos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura ao Palácio do Planalto, em Brasília, sede do Executivo federal.

Em resposta a pedido de LAI (Lei de Acesso à Informação) feito pelo veículo de imprensa, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) disse que as informações têm caráter sigiloso e, se divulgadas, poderiam comprometer a segurança do presidente Jair Bolsonaro.

Na solicitação enviada ao governo, a reportagem de O Globo requeria registros sobre eventuais encontros entre Bolsonaro e os dois religiosos no Planalto.

Segundo consta na agenda pública do governante, ele esteve ao menos três vezes com os dois pastores —ambos são investigados pela Polícia Federal por suspeita de cobrança de propina em troca de favores no Ministério da Educação destinados a prefeituras. A dupla atuaria para liberar recursos da pasta chefiada pelo então ministro Milton Ribeiro, exonerado do cargo em 28 de março.

Outros sigilos

O governo do presidente Jair Bolsonaro determinou o sigilo de 100 anos sobre informações dos crachás de acesso ao Palácio do Planalto emitidos em nome dos filhos Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em julho de 2021.

Na ocasião, a existência dos cartões utilizados pelos filhos do presidente para ingressar na sede do governo foi informada pela própria Presidência da República, em documentos públicos enviados à CPI da Covid em julho do mesmo ano. As informações foram reveladas pela revista Crusoé, que teve acesso aos documentos emitidos pela Secretaria-Geral da Presidência encaminhados por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação).

As informações solicitadas dizem respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem dos familiares do senhor Presidente da República, que são protegidas com restrição de acesso, nos termos do artigo 31 da Lei nº 12.527, de 2011.
Trecho do documento da Secretaria-Geral da Presidência à época do episódio, que informou sobre a existência de crachás

Já em outubro de 2021, o Exército Brasileiro também alegou risco ao mandatário e também impôs sigilo aos documentos que basearam a permissão para a caçula do presidente, Laura, de 11 anos, ser matriculada excepcionalmente sem passar pelo processo seletivo do Colégio Militar de Brasília.

À época, a informação da admissão da caçula de Bolsonaro sem fazer o processo de admissão foi divulgada pela Folha de S.Paulo e confirmada pelo Exército ao UOL.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.